São Paulo, domingo, 28 de junho de 1998
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Dunga reabilita os gritos para acordar Ronaldinho

ALEXANDRE GIMENEZ
DO ENVIADO A PARIS

Em resposta ao apelo dos jogadores para que voltasse a comandar o time, Dunga discute do início até após o final do jogo

O apelo dos jogadores brasileiros surtiu efeito: Dunga voltou a gritar e gesticular em grande estilo na partida de ontem contra o Chile.
Logo aos 7min do primeiro tempo, quando o Chile dominava a partida, o capitão pediu calma aos companheiros depois de um passe errado de Leonardo que gerou uma confusão na defesa.
A partir daí, de Taffarel a Ronaldinho, ninguém escapou de suas broncas. Primeiro, a vítima foi Roberto Carlos, em seguida, Rivaldo, por ter dado um passe errado ao mesmo Roberto Carlos.
Na falta que daria origem ao primeiro gol brasileiro, Dunga pediu para bater. Feito o gol (de César Sampaio), abraçou apenas quem estava por perto (Roberto Carlos, Aldair e Cafu), fato que se repetiria nos outros gols da seleção.
Aos 20min, discutiu de longe com Zagallo, gesticulando muito. Outras vezes, ao longo do primeiro tempo, o capitão se aproximaria da laterial para conversar com o treinador.
A mais longa dessas conversas aconteceu nos momentos que antecederam a cobrança de pênalti que resultou no terceiro gol do Brasil, de Ronaldinho.
Quase alheio ao lance, Dunga discutia com o técnico, que ao final fez um carinho em sua cabeça, como quem pede calma.
Alvos preferenciais
Ronaldinho, Rivaldo, Bebeto e Leonardo eram alvos frequentes da "ira Dunga", sobretudo quando prendiam demais a bola ou davam um toque a mais.
No segundo tempo, a primeira bronca violenta do capitão foi contra Bebeto, que, distraído, deixou uma bola passar às suas costas, desperdiçando um ataque.
Aos 22min, a vítima foi o goleiro Taffarel, que tomou um pito violento por sua hesitação no lance do gol chileno.
Depois do quarto gol, Dunga -que não participou do lance- foi abraçado por Roberto Carlos, Sampaio, Aldair e Cafu, quase como num tributo a sua liderança.
Antes mesmo de o Chile dar a saída, o capitão discutiu com Leonardo, com grandes gestos, aparentemente por problemas de posicionamento.
Sobrou até para Denílson, que entrara na equipe minutos antes.
Pouco depois, Dunga -que quase não discutiu com o árbitro durante o jogo- teve de sair de campo porque estava sangrando na perna. Trocou a caneleira e a meia e voltou rapidamente ao campo de jogo.
À exceção do lançamento que deu origem ao primeiro gol, o capitão brasileiro teve uma atuação não mais do que discreta, mas falou tudo o que havia calado na partida anterior, a derrota contra a Noruega.
Foi depois daquela derrota, aliás, que os jogadores da seleção se reuniram e pediram ao capitão que voltasse a gritar em campo. Ontem, até mesmo depois do apito final, Dunga ainda discutia com Leonardo.

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