São Paulo, domingo, 28 de junho de 1998 |
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Protegidos pelos deuses
ALBERTO HELENA JR. Quando os dois times se preparavam para entrar em campo, fez-se um arco-íris sobre o Parc des Princes, como a anunciar bom tempo.Mas pra quem, se o arco se armava de trás de uma meta à outra? Pelos pavorosos e apavorantes dez minutos iniciais do Brasil, julguei que os deuses, nesta noite clara de Paris, eram andinos. Mas, logo, César Sampaio mete de cabeça a falta cobrada por Dunga. Mais uns dez minutos, e lá está nosso insuspeitado artilheiro Sampaio, aproveitando uma sobra de outra cobrança de falta; desta vez, por Roberto Carlos. E o terceiro viria, por fim, numa arrancada de Ronaldinho, em sua pior performance até então. Pênalti, gol de Ronaldinho. No segundo tempo, o Brasil voltou mais compacto e determinado. Sustentou-se na dupla Júnior Baiano e Aldair, armou-se com ciência através de Sampaio, Dunga e Leonardo e partiu ao ataque, sobretudo pelas extremidades do campo, com Cafu e Roberto Carlos, na sua mais perfeita exibição até agora. Mesmo assim, levamos um gol, de Salas, numa das raras chances do Chile. Mas, imediatamente, Ronaldinho, que só foi se soltar mesmo depois da entrada de Denílson no lugar de Bebeto, tirou a diferença. Mais duas bolas na trave, e a expectativa de que, agora, vamos. * Desde os tempos dos Médici que a Itália é assim: um beque de sobra, que eles batizaram de líbero (no caso de ontem, Bergomi), uma linha de três zagueiros protegida por um trio de médios marcadores e um meia-atacante que arma para os dois avantes. Bem plantadinha lá atrás, só fica à espera do bote. Todo mundo sabe disso à exaustão, e não há quem deixe de cair no ardil anunciado, que se repete a cada Copa. Como ontem, quando os italianos despacharam os noruegueses, por 1 a 0, gol de Vieri. Engana-se, porém, quem achar que o placar foi apertado por escassez de chances. Só no velho contragolpe, se Del Piero estivesse em tarde inspirada, poderia ter metido uns quatro ou cinco na Noruega. Esse time, gente, joga com os dois olhos na taça. Texto Anterior: As pedras no caminho antes da final Próximo Texto: Ave, César! Índice |
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