São Paulo, segunda-feira, 29 de junho de 1998
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Eficiência faz Dinamarca golear

JOSÉ GERALDO COUTO; E NOELLY RUSSO
ENVIADOS ESPECIAIS A SAINT-DENIS

Em jogo acompanhado por Zagallo, dinamarqueses surpreendem sensação africana da Copa e vão enfrentar o Brasil

O adversário do Brasil nas quartas-de-final da Copa da França será a Dinamarca, que ontem massacrou a Nigéria no Stade de France pelo placar de 4 a 1.
O técnico da seleção brasileira, Mário Lobo Zagallo, assistiu o jogo no meio do público e disse que "a equipe da Dinamarca é eficiente e muito organizada".
Os nigerianos que o digam. Logo aos 3min, eles foram surpreendidos pelo primeiro gol dinamarquês: Michael Laudrup recebeu um lançamento na entrada da área e tocou de lado para Moller, que vinha na corrida e fuzilou Rufai.
Nove minutos depois, quando os nigerianos ainda não se haviam recuperado do atordoamento, a Dinamarca ampliou o placar.
Michael Laudrup ameaçou chutar e acionou Moller, que chutou forte. Rufai rebateu para dentro da área e Brian Laudrup se antecipou aos zagueiros para marcar.
A Nigéria teve sua melhor chance de diminuir o placar aos 14 min, nos pés do atacante Kanu, que entrou com a bola dominada na área e tentou driblar o goleiro, mas foi desarmado.
O resto do primeiro tempo transcorreu assim: a Nigéria -única seleção africana que chegou às oitavas-de-final- fazia jogadas espetaculares, mas pouco efetivas, enquanto a Dinamarca controlava o jogo com um futebol solidário e objetivo.
A jogada-padrão do primeiro tempo era a seguinte: Okocha, dono de uma habilidade fantástica, driblava a defesa, ia à linha de fundo e cruzava alto na área.
A bola invariavelmente parava nas mãos do goleirão Schimeichel ou na cabeça dos altos zagueiros dinamarqueses. Nos contra-ataques, geralmente capitaneados pelo mais novo dos irmãos Laudrup, Brian, a Dinamarca ainda levava perigo ao gol nigeriano.
"Não sei por que a Nigéria insistiu em alçar bolas altas na nossa área", declarou depois do jogo o técnico da Dinamarca, Bo Johansson. "Sei que tínhamos um grande goleiro, num grande dia."
Outra tentativa recorrente da Nigéria eram os chutes de fora da área, quase sempre fora do alvo.
Aos 38min, na jogada mais espetacular da partida, depois de uma troca de passes entre os atacantes nigerianos, Okocha "entortou" dois zagueiros e chutou por cima.
No segundo tempo, a Dinamarca começou a todo vapor. Logo aos 5 min, Brian Laudrup ganhou do zagueiro pelo flanco direito e cruzou fechado. A bola enganou o goleiro Rufai e bateu no travessão.
Aos 15 min, o técnico Johansson tirou Moller e colocou Sand como atacante. Apenas 16 segundos depois de entrar em campo (recorde da Copa), Sand fez o terceiro gol: depois de receber um passe magistral de Michael Laudrup, por cima dos zagueiros, controlou na cabeça e chutou no canto direito do goleiro Rufai.
Com os 3 a 0, a Nigéria se descontrolou de vez, errando passes no meio-campo e partindo para o "cada um por si". Acabou tomando o quarto gol aos 31 min, quando Helveg aproveitou um cruzamento de Jorgensen, depois de um novo rebote de Rufai.
Só melhorou um pouco quando entrou Babangida no lugar de apagado Lawal.
Cinco minutos depois de entrar, o atacante recebeu um cruzamento da esquerda e chutou de primeira, rasteiro, no canto esquerdo de Schmeichel: 4 a 1.
Depois do jogo, Michael Laudrup disse que esse teria sido seu último jogo como profissional, se a Dinamarca tivesse perdido. "Mas deu tudo certo, jogamos de uma maneira maravilhosa."
E contra o Brasil? "Se jogarmos como jogamos hoje, temos uma pequena chance de vencer", disse o capitão dinamarquês. "O Brasil tem jogadores excepcionais. Se tem pontos fracos, não cabe a mim dizer quais são eles."

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