São Paulo, domingo, 5 de julho de 1998
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'Não chore por mim, Argentina', cantam torcedores

MARIA CRISTINA FRIAS
DA ENVIADA A MARSELHA

"Não chore por mim, Argentina. A verdade é que nós sempre vencemos vocês", cantava em inglês um grupo de quatro holandeses, todos usando roupas cor de laranja e um chapéu improvisado com cenouras naturais no topo.
Era uma resposta aos gritos, poucos, face à maioria holandesa, de torcedores da Argentina.
Ao ser lembrado que seu país perdeu dos argentinos na Copa de 1978, o comerciário Willy Maurens, 34, resolveu mudar a letra.
"A verdade é que hoje vamos vencê-los. Ou melhor, somos nós que vamos vencer o Brasil", passou a cantar, quando viu a credencial da reportagem da Folha.
À entrada do estádio Vélodrome, os "Laranjas" animavam-se com qualquer ritmo, das canções holandesas ao samba.
O abóbora se repetia em todo tipo de adereço: das perucas às estolas, dos tamancos às gravatas.
Ao boá laranja, Marluce Wynguarden, 26, acrescentou uma saia "argentina".
"Gosto deles também. Os jogadores são lindos", disse.
Um dos raros torcedores holandeses negros, Koé Kossew opinava que "embora menor, permanece o preconceito racista no time".
Para ele, a reação agressiva do goleiro Edwin Van der Sar em relação ao zagueiro reserva Winston Bogarde foi "apenas instintiva e não preconceituosa".
"Como minoria, poderá ser um pouco difícil para a torcida, mas no campo a vantagem vai ser nossa", imaginava o argentino Fernando Tourello,30.
Noruegueses vestiam azul. "Eles também torceram por nós", justificava Morten Ruse, 34.
(MCF)

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