São Paulo, quarta-feira, 8 de julho de 1998
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12 heróis e 1 santo

JUCA KFOURI

Faltavam exatamente 20 minutos para meia-noite em Marselha, quando Taffarel consumou seu terceiro milagre no dia 7 de julho de 1998.
O segundo acontecera minuto e meio antes, quando pegou o pênalti batido por Cocu.
O primeiro havia sido praticado aos 7min do segundo tempo, quando Bergkamp pegou à queima-roupa uma das mil cabeçadas de Kluivert, e ele defendeu.
Dizer que a vitória brasileira acabou sendo justa pelo que o time mostrou na prorrogação é pouco -mas é injusto.
A Holanda criou oito chances claras de gol durante o jogo -Kluivert desperdiçou a maior parte delas.
O Brasil criou menos -a metade.
Verdade que Ronaldo, um super-herói sacrificado, perdera a chance de liquidar a partida aos 27min, ele que, aos 25 segundos, aproveitara a única ida de Rivaldo à linha de fundo para abrir o marcador.
Mas na prorrogação o Brasil teve quatro chances contra apenas uma do excelente time cenoura, que cansou -ou tremeu.
Sim, porque laranja é verde quando está verde e é amarela quando está madura.
E este time brasileiro provou sua maturidade, mesmo quando ficou em inferioridade tática e técnica no verdadeiro jogo de xadrez que se disputou no velho estádio Vélodrome, um campo que havia sido palco de pênaltis polêmicos e sempre contra a seleção -o de Domingos da Guia, na Copa de 1938, diante da Itália, e o de Júnior Baiano, contra a Noruega, no último dia 23, em duas derrotas por 2 a 1.
Agora o Brasil disputará sua sexta final de Copa do Mundo, igualando a marca alemã.
Pode ser pentacampeão se confirmar a tradição de não perder decisões de Copas quando disputadas fora de casa.
Ganhe ou perca no domingo, porém, a missão deste time já está mais que cumprida.
Passou nas semifinais pelo time mais entrosado da Copa porque Rivaldo teve um lampejo, porque Ronaldo é artilheiro até sem pulmão e porque Taffarel, definitivamente, não pertence ao mundo dos mortais.
Mesmo tão criticado, ele é capaz de fazer coisas de que até Deus duvida.

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