São Paulo, sábado, 11 de julho de 1998
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210 mil inscritos ficam de fora das frentes de trabalho

OSWALDO BUARIM JR.
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Um quinto dos trabalhadores rurais inscritos para as frentes de emergência no Nordeste não teve serviço no mês de junho e, por isso, ficaram sem a assistência de meio salário mínimo (R$ 65) que o governo assegurou aos flagelados da seca.
As informações constam de detalhamento de operações da Sudene, encarregada de coordenar a ação emergencial do governo no semi-árido nordestino atingido pela seca.
No dia 30 de junho, o governo federal liberou R$ 51 milhões para o primeiro pagamento de 785.425 trabalhadores aproveitados nas frentes de trabalho. Os Estados complementam os benefícios com R$ 15 por trabalhador, o que implica pagamento mensal de R$ 80 por pessoa.
A Sudene alistou originalmente 995.762 trabalhadores rurais, mas 210.337 inscritos para as frentes ficaram sem trabalho e sem dinheiro. Os que ficaram sem trabalho representam 21,13% do total de alistados para as frentes.
As principais atividades das frentes de emergência são a construção de açudes e a manutenção de estradas.
A assessoria de imprensa da Sudene informou que nem todos os trabalhadores rurais alistados para as frentes foram aproveitados porque há dificuldade de organizar comitês de mobilização em todos os municípios.
O superintendente da Sudene, o ex-deputado Sérgio Moreira, participou ontem, em Brasília, de reunião de avaliação das ações contra os efeitos da seca.
Ele disse que a redução nas frentes se deveu aos critérios adotados pelos técnicos que coordenam o trabalho na Bahia, Estado com o maior número de alistados.
Como o aproveitamento de trabalhadores rurais ficou abaixo do previsto, o governo federal deixou de gastar R$ 14 milhões dos R$ 65 milhões mensais que havia programado para as frentes de emergência ao anunciar que empregaria 1 milhão de pessoas na região.
No Espírito Santo, onde 24.555 trabalhadores estão alistados para as frentes produtivas, ninguém foi aproveitado. O Estado tem 27 municípios incluídos na área de abrangência da Sudene. Todos em situação de calamidade.
Quase 10 milhões de pessoas vivem na zona rural de 1.236 municípios nordestinos e do norte de Minas Gerais e do Espírito Santo em estado crítico devido à estiagem.
O maior contingente de empregados nas frentes de trabalho foi de baianos (150 mil pessoas). A Bahia é também o Estado com maior número de trabalhadores rurais alistados para as frentes que não receberam trabalho e dinheiro em junho -192.188 ficaram de fora da lista de pagamento.
No Ceará também faltou trabalho para 35.973 inscritos nas frentes de emergência. Em Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Minas Gerais foram aproveitados todos os trabalhadores alistados.
Piauí, Rio Grande do Norte e Paraíba empregaram mais trabalhadores nas frentes que os alistados. O Piauí e a Paraíba ampliaram suas listas em 10 mil trabalhadores beneficiados por Estado. No Rio Grande do Norte, houve crescimento de 22.379 postos.

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