São Paulo, sábado, 11 de julho de 1998
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Eleição no Japão derruba Bolsas asiáticas

MARCIO AITH
DE TÓQUIO

Antecipando-se aos efeitos de eventual derrota do partido do primeiro-ministro japonês, Ryutaro Hashimoto, nas eleições parlamentares de amanhã, investidores venderam suas posições em países asiáticos, derrubando o mercado ontem.
A Bolsa de Tóquio caiu 2,2%; a de Hong Kong, 2,7%; a da Malásia, 4,3%; e a da Coréia do Sul, 3,1%. A cotação das moedas também caiu, embora num ritmo menor.
Amanhã, os eleitores japoneses vão eleger 126 dos 252 parlamentares da Câmara Alta do Parlamento japonês, uma espécie de Senado Federal.
Embora essa eleição não seja importante, já que formalmente o cargo do primeiro-ministro não está em jogo, será o primeiro teste eleitoral do PLD (Partido Liberal-Democrata), de Hashimoto, depois do agravamento da crise econômica japonesa.
As pesquisas indicam que o PLD deverá fracassar em seu objetivo de aumentar sua bancada e obter a maioria dos assentos na Casa, algo que não consegue desde 1989.
Pior: se algumas pesquisas estiverem corretas, o PLD vai perder vagas, aumentando a oposição a Hashimoto dentro de seu próprio partido. Caso isso aconteça, o primeiro-ministro poderá renunciar.
A simples discussão sobre sua renúncia assusta os investidores asiáticos. Alguns deles dizem que o precário equilíbrio alcançado com a intervenção norte-americana no câmbio, no mês passado, poderá ser destruído caso uma crise política se instale na segunda maior economia do mundo.
A queda de ontem das moedas e das Bolsas teve como principal razão as incertezas no Japão, embora o agravamento de conflitos trabalhistas tenha complicado ainda mais a crise na Coréia, e boatos da quebra de um grande conglomerado tenham complicado ainda mais a situação da Bolsa da Malásia, a que mais se desvalorizou depois da crise asiática (as ações no país estão 65,2% mais baratas do que estavam há um ano).
Especulou-se ontem que o grupo Renong, um dos maiores conglomerados do país, estaria perto da insolvência. O grupo atua nos setores da construção civil (principalmente obras públicas), engenharia e pedágios.
Apesar de intranquilos, os investidores apóiam o governo Hashimoto -diferentemente de um número crescente de eleitores. Alguns deles acham que as eleições de amanhã não poderiam ocorrer em pior momento.
"Para falar a verdade, não é hora para eleições no Japão", disse Chitahiro Ezaki, da corretora Jardine Fleming Securities. "O governo já corrigiu a rota e deveria se preocupar apenas com os problemas dos bancos e não em eleger parlamentares", afirmou.

Texto Anterior: Bloomberg dá o caminho do empreendedor
Próximo Texto: Sindicatos rompem acordo com o governo da Coréia
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.