São Paulo, sábado, 11 de julho de 1998
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Croatas e holandeses

MATINAS SUZUKI JR.

Os croatas, que disputam hoje o terceiro lugar contra os holandeses, foram a novidade desta Copa do Mundo da França. Eles são também a continuação de uma tendência.
O fato novo não se deve por representarem um país que disputa uma Copa pela primeira vez. Afinal de contas, mesmo vestindo a camisa de uma outra nação, a Iugoslávia, jogadores que nasceram na região da Croácia já estiveram em um Mundial.
A novidade foi, aliada à quantidade de bons jogadores, uma organização tática moderna, que marca bem e é agressiva no ataque.
A continuação da tendência mencionada acima é devido à nova ordem geopolítica mundial, que recuperou o futebol habilidoso da Europa do Leste, iniciado pela seleção da Hungria em 1954.
Em 94, a seleção da Romênia, de Hagi, ficou entre as quatro finalistas -e a da Bulgária que, como os croatas de agora, eliminou os alemães, fez boa figura.
As campanhas nas duas últimas Copas mostram que os países da antiga Cortina de Ferro são a terceira força do futebol mundial. Além do atacante elegantíssimo Suker, que o brasileiro conhece dos jogos do Real Madrid (time que, aliás, pode contratar o técnico holandês Guus Hiddink), os destaques da seleção da Croácia são os alas Stanic (13) e Jarni (17) e o zagueiro Stimac (7). O veterano Boban não rendeu o que se esperava dele.
Os holandeses apresentaram o melhor futebol em conjunto desta Copa. Seu time evoluiu em relação à seleção de 1994, principalmente no sistema defensivo.
Apesar do trabalho pacificador de Hiddik e de sua comissão técnica, o problema de relacionamento entre os jogadores permanece -e esta é uma grande dificuldade que os holandeses enfrentam desde 88, quando tinham um timaço com Gullit, Van Basten e Rijkaard.
Os holandeses trabalham a bola com o perfeccionismo de um lapidador de diamantes, mas precisam adquirir mais objetividade e espírito de vencedor (Patrick Kluivert, aliás, mostrou ter, contra os brasileiros).
A Holanda, a exemplo do Brasil, continua sendo um excelente celeiro de bons jogadores. Que os dois tenham chegado até hoje, na Copa, é uma vitória do futebol.

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