São Paulo, sábado, 11 de julho de 1998
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A pajelança dos ministros

FERNANDO RODRIGUES

Brasília - Ministros sem gravata, dirigindo seus próprios carros. Esse será o cenário hoje, por volta das 10h da manhã, no comitê de campanha de Fernando Henrique Cardoso.
Para dar a impressão de que não fazem campanha no horário de trabalho, vários ministros foram convocados para uma reunião hoje, um sábado, sobre o programa de governo do eventual segundo mandato tucano.
Os formuladores de FHC dizem estar diante de um desafio. Precisam ressaltar o que foi feito, mas sem dar a entender que isso é o mais importante.
Dizem as pesquisas que o eleitor deseja promessas, sonhos. Menos desemprego, mais poder de compra. As realizações do governo servem, no máximo, como credencial do que será prometido para o futuro.
Os ministros de FHC terão de traduzir em palavras no programa do candidato FHC qual a mágica da criação de empregos. A rigor, dirão que o país precisa crescer. Mas o crescimento desordenado poderia gerar um descontrole na economia.
Engana-se quem acredita reinar concordância entre os ministros-assessores de campanha do presidente. Uma ala defende um crescimento mais acentuado da economia. Outra é contra estripulias -crescimento acima de 2% ou 3% em 99, o que seria nefando para a geração de empregos.
A reunião de amanhã, por ser a primeira, servirá apenas para os convidados darem sugestões. O programa de governo completo de FHC só sai mesmo no dia 20 de agosto, a mesma data escolhida, em 94, na primeira campanha do tucano.
Até agosto, os formuladores do presidente terão tempo para avaliar se é necessário carregar nas tintas na hora de fazer promessas. Tudo vai depender de como o presidente estiver colocado nas pesquisas.
Com FHC na frente de Lula, o programa tende a ser realista. Já o risco de perder a eleição fará brotar promessas difíceis de serem cumpridas.
*
Amanhã é o dia. A seleção brasileira pode ser penta. Há euforia no ar. Mas não dá para não dizer: há algo de errado num time cujo herói é o goleiro.

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