São Paulo, segunda-feira, 13 de julho de 1998 |
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RS pode pedir laudo de qualidade de remédio
CARLOS ALBERTO DE SOUZA
Os laudos teriam de ser emitidos por laboratórios credenciados pelo Ministério da Saúde. A estratégia, sugerida pelo próprio ministério, também poderá ser adotada pelas secretarias da Saúde dos outros Estados a fim de combater a onda de falsificação de medicamentos no país. Segundo a secretaria gaúcha, durante aproximadamente um mês, no início do ano, 32 pacientes com câncer de próstata tomaram Androcur sem acetato de ciproterona, o princípio ativo que agiria contra a doença, conforme laudo do Instituto Nacional de Controle de Qualidade e Saúde. Ainda não houve notificação de nenhuma morte. O diretor-geral da secretaria, Vitor Hugo Della Valentina, chegou a afirmar que o falso remédio, comprado da distribuidora Ação Distribuidora, só continha "amido, farinha de trigo". A Ação foi suspensa de participar de licitações no Estado por um ano, além de ter sido denunciada ao Ministério Público e à Polícia Federal. O amido, explicou Vitor Valentina, está presente inclusive nos medicamentos íntegros, para compor a droga. "Se você pegar um comprimido com ácido acetilsalicílico, caso de Aspirina, AAS e Fontol, e esmagar, 80% é amido ou pó comestível", disse o diretor. "O importante e fundamental é ter o princípio ativo." A secretaria disse que foi alertada para a falsificação do Androcur pelo laboratório Schering, fabricante do produto, pois o número do lote (351) não era compatível com o controle interno da empresa. A secretaria tinha comprado 9.000 frascos. A Ação, de Minas Gerais, disse que comprou o remédio de outras duas distribuidoras: Simbulus, de Piracicaba, e Canaã, de Campinas, conforme a secretaria, que diz não saber onde se deu a falsificação. O secretário da Saúde, Marinon Porto, disse não acreditar no envolvimento do laboratório Schering. Ele lembrou que no caso do anticoncepcional Microvlar não houve falsificação, de acordo com a versão do laboratório, e sim a comercialização de comprimidos de farinha usados para teste de embalagens, após suposto roubo de mercadoria, que seria incinerada como resíduo farmacêutico. No caso do Saquinavir, integrante do coquetel contra a Aids, também comprado da Ação, a secretaria já possui indicativo de que o remédio é eficaz, embora a embalagem tenha sido adulterada. A parte onde estava escrito que a venda era proibida, por ser produto da Ceme (Central de Medicamentos), foi raspada. Os cerca de 400 frascos, com 50 cápsulas cada, foram recolhidos. Na próxima semana, o Instituto Nacional de Controle de Qualidade e Saúde emitirá um parecer definitivo sobre o remédio. Texto Anterior: "Médico é o mais difícil de tratar" Próximo Texto: O caminho dos remédios falsos Índice |
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