São Paulo, segunda-feira, 13 de julho de 1998
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Financiamento pode dar dor de cabeça

LUCIA RODRIGUES GONÇALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

A dúvida sobre o financiamento de bens levou 5.174 consumidores a consultar o Procon (Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor), de janeiro a maio deste ano, para garantir seus direitos.
Segundo o técnico da área de assuntos financeiros do Procon, Alexandre Costa Oliveira, só as dúvidas com o financiamento de veículos foram responsáveis por aproximadamente 90% das consultas no período.
Para Oliveira, o número recorde de consultas no setor é explicado pelo fato de o mercado estar facilitando bastante os financiamentos para os clientes.
"As taxas estão mais acessíveis. E os consumidores, de várias faixas (salariais), perceberam que podem adquirir os produtos por meio de financiamentos", afirma.
Ele alerta, no entanto, que o consumidor corre riscos se não tomar cuidados básicos na hora de assinar o contrato de financiamento.
A leitura das cláusulas contratuais deve ser feita com bastante atenção. Nenhum detalhe deve ser deixado de lado.
"O consumidor tem de conhecer tudo sobre o contrato assinado. Depois que ele assina fica mais difícil questionar", diz Alexandre Costa Oliveira.
Mas às vezes, os problemas para o consumidor podem surgir até mesmo sem que ele tenha assinado um contrato de financiamento.
O simples preenchimento de uma ficha de compra (formulário que é analisado pela loja e pela empresa financiadora da dívida que decidirá se o cliente poderá financiar o pagamento do bem) pode trazer sérios transtornos ao consumidor.
A empregada doméstica Eleni Alves Moreira Soares está enfrentando esse tipo de problema. Ela afirma que teve o nome protestado no SPC (Serviço de Proteção ao Crédito) depois de ter preenchido uma ficha de compra na Colombus Móveis.
Eleni procurou a loja para comprar móveis para a filha Euza Alves Moreira Campos. Como o financiamento da compra demorou para ser aprovado, comprou os móveis em outro local.
Depois de aproximadamente um mês que havia preenchido a ficha na Colombus Móveis, recebeu em casa uma carta de cobrança da Fininvest (empresa de crédito) financiando a dívida com a loja. Como ela não pagou a cobrança, seu nome foi levado ao SPC.
"Assinei uma ficha de compra na Colombus para saber se ia ter financiamento e agora estou com o nome sujo no SPC. Fiquei com o nome sujo por uma coisa que não devo", afirma.
Ela diz que procurou a loja para saber o que estava acontecendo, mas que não obteve resposta satisfatória. Por isso, entrou em contato com o Procon, que a teria orientado a pedir o cancelamento da ficha de compra.
Eleni voltou à loja para cancelar a ficha, mas, segundo ela, o gerente da loja, Edmilson Nascimento, teria dito que não poderia fazer o cancelamento porque ela já havia aberto processo no Procon.
"Passei na loja umas quatro vezes para pedir o cancelamento, e ele não fez. A moça do crediário gozava da minha cara, dizendo que não sabia que existia carta de cancelamento de compra."
A consumidora diz que não pretende pagar pela dívida que não fez. "Não vou pagar pelo que não devo. Comprei os móveis em outro lugar e estou pagando as prestações corretamente."
O técnico da área de assuntos financeiros do Procon orienta os consumidores a consultarem o órgão antes de fechar contratos de financiamentos, para esclarecerem as dúvidas.

Texto Anterior: 3 morrem em tiroteio em favela no RJ
Próximo Texto: Loja nega versão de cliente
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.