São Paulo, segunda-feira, 13 de julho de 1998 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Financiamento pode dar dor de cabeça
LUCIA RODRIGUES GONÇALVES
Segundo o técnico da área de assuntos financeiros do Procon, Alexandre Costa Oliveira, só as dúvidas com o financiamento de veículos foram responsáveis por aproximadamente 90% das consultas no período. Para Oliveira, o número recorde de consultas no setor é explicado pelo fato de o mercado estar facilitando bastante os financiamentos para os clientes. "As taxas estão mais acessíveis. E os consumidores, de várias faixas (salariais), perceberam que podem adquirir os produtos por meio de financiamentos", afirma. Ele alerta, no entanto, que o consumidor corre riscos se não tomar cuidados básicos na hora de assinar o contrato de financiamento. A leitura das cláusulas contratuais deve ser feita com bastante atenção. Nenhum detalhe deve ser deixado de lado. "O consumidor tem de conhecer tudo sobre o contrato assinado. Depois que ele assina fica mais difícil questionar", diz Alexandre Costa Oliveira. Mas às vezes, os problemas para o consumidor podem surgir até mesmo sem que ele tenha assinado um contrato de financiamento. O simples preenchimento de uma ficha de compra (formulário que é analisado pela loja e pela empresa financiadora da dívida que decidirá se o cliente poderá financiar o pagamento do bem) pode trazer sérios transtornos ao consumidor. A empregada doméstica Eleni Alves Moreira Soares está enfrentando esse tipo de problema. Ela afirma que teve o nome protestado no SPC (Serviço de Proteção ao Crédito) depois de ter preenchido uma ficha de compra na Colombus Móveis. Eleni procurou a loja para comprar móveis para a filha Euza Alves Moreira Campos. Como o financiamento da compra demorou para ser aprovado, comprou os móveis em outro local. Depois de aproximadamente um mês que havia preenchido a ficha na Colombus Móveis, recebeu em casa uma carta de cobrança da Fininvest (empresa de crédito) financiando a dívida com a loja. Como ela não pagou a cobrança, seu nome foi levado ao SPC. "Assinei uma ficha de compra na Colombus para saber se ia ter financiamento e agora estou com o nome sujo no SPC. Fiquei com o nome sujo por uma coisa que não devo", afirma. Ela diz que procurou a loja para saber o que estava acontecendo, mas que não obteve resposta satisfatória. Por isso, entrou em contato com o Procon, que a teria orientado a pedir o cancelamento da ficha de compra. Eleni voltou à loja para cancelar a ficha, mas, segundo ela, o gerente da loja, Edmilson Nascimento, teria dito que não poderia fazer o cancelamento porque ela já havia aberto processo no Procon. "Passei na loja umas quatro vezes para pedir o cancelamento, e ele não fez. A moça do crediário gozava da minha cara, dizendo que não sabia que existia carta de cancelamento de compra." A consumidora diz que não pretende pagar pela dívida que não fez. "Não vou pagar pelo que não devo. Comprei os móveis em outro lugar e estou pagando as prestações corretamente." O técnico da área de assuntos financeiros do Procon orienta os consumidores a consultarem o órgão antes de fechar contratos de financiamentos, para esclarecerem as dúvidas. Texto Anterior: 3 morrem em tiroteio em favela no RJ Próximo Texto: Loja nega versão de cliente Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |