São Paulo, segunda-feira, 13 de julho de 1998
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Turismo interno fica 15% mais barato e as vendas aumentam

ANDRÉ SOLIANI
DA REPORTAGEM LOCAL

Viajar pelo Brasil, neste mês de julho, está em média 15% mais barato em relação ao mesmo mês do ano passado, segundo a Braztoa/Crobat (Associação Brasileira das Operadoras de Turismo).
Com a queda nos preços, as operadoras de turismo (montam os roteiros) esperam crescimento de ao menos 20% no número de pacotes domésticos vendidos nesta temporada de inverno.
"Este é o ano do turismo nacional", diz Guilherme Paulus, presidente da CVC, umas das dez maiores operadoras do país.
Neste mês, ele espera embarcar cerca de 23,5 mil passageiros para passear pelo Brasil -23,7% a mais do que em 97-, quando despachou aproximadamente 19 mil pessoas. As receitas, devido à queda dos preços, deverão ser apenas 7% maiores, afirma Paulus.
Antonio Aulísio, presidente da Braztoa, estima que deverão ser vendidos 585 mil pacotes domésticos até o final do ano pelos associados da entidade, que representam 90% do mercado. O volume é cerca de 20% superior ao de 97.
Entre os destinos mais procurados, segundo pesquisa da Abav (Associação Brasileira dos Agentes de Viagem), desponta o Nordeste (76%). O Ceará está em primeiro lugar (24%). No Sul/Sudeste, só o Rio Grande do Sul aparece na lista, em quarto lugar (10%).
Democratização
A queda no preço dos pacotes para destinos nacionais vem acontecendo desde a baixa temporada, que vai de março a junho. Nesse período, foram oferecidos descontos de até 50% em relação a 97, segundo a Abav.
O resultado foi um aumento de 43% no total de passageiros embarcados e de pacotes comercializados, afirma a associação.
"O turismo nacional está se democratizando", afirma Caio de Carvalho, presidente da Embratur (Instituto Brasileiro de Turismo). Os preços mais baixos permitem que as classes C e D viajem, diz.
A Abav estima que 16,2% dos passageiros desta temporada vão viajar de avião pela primeira vez.
Fornecedores mais baratos
As operadoras explicam o boom do turismo interno pela queda no preço dos seus fornecedores e a divulgação promovida pela Embratur, via propaganda na TV.
"As tarifas aéreas e as diárias de hotel estão mais em conta", afirma Aldo Leoni, diretor da Agaxtur, operadora de turismo.
O preço da passagem começou a cair devido à guerra entre as companhias aéreas nacionais, que visavam aumentar a participação no mercado.
Para ter uma idéia, o preço médio dos bilhetes com destinos nacionais vendidos pela Ancoradouro, maior operadora de passagens aéreas do interior de São Paulo, teve queda de 21,14% -de US$ 279 no primeiro semestre de 97 para US$ 220 em igual período deste ano.
O número de bilhetes vendidos aumentou 59%, chegando a 24 mil. A receita foi 17% superior, totalizando R$ 4,6 milhões.
Na Rextour, uma das maiores vendedoras de passagens aéreas do Brasil, a queda foi ainda maior, de 34% -de R$ 342 para R$ 226 o preço médio do bilhete nacional.
Exterior em baixa
A venda de pacotes turísticos para o exterior está caindo neste ano, ao contrário do que acontece com o turismo nacional. Aulísio espera fechar o ano com queda de até 20% no volume de viagens para fora do país.
Os preços das viagens externas mantiveram-se estáveis em dólar, com exceção de alguns destinos para a Argentina e Europa, segundo Leoni, da Agaxtur.
Mesmo aqueles que ficaram mais baratos em dólar, perdem parte do desconto quando convertidos para real, que sofreu desvalorização de 7,5% em 97.
A Copa do Mundo também atrapalhou os negócios, segundo Aulísio. Para ele, muitas pessoas que pensavam viajar para fora do país ficaram para ver os jogos pela TV.

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