São Paulo, segunda-feira, 13 de julho de 1998
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Centro-Oeste deve colher 50% da produção

ROBERTO DE OLIVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Depois de anos de sucessivas quedas na produção, o algodão brasileiro está mostrando sinais de recuperação.
A área plantada nesta safra, 657,5 mil ha, registrou crescimento de 31,6% em relação à de 96/97. A produção de algodão em pluma deve aumentar 47,4% (de 305,8 mil para 450,6 mil t), segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Essa estimativa, porém, ainda não considera os efeitos da virose em Goiás, o maior produtor nacional. A expectativa é que a doença reduza a produtividade das lavouras goianas.
Mais de 50% da produção nacional está sendo colhida nos campos do Centro-Oeste, onde o clima e a topografia plana vêm favorecendo as lavouras.
Mesmo com o crescimento da produção, o país deverá importar 350 mil t do produto, o equivalente a US$ 700 milhões.
A produção alcançou o auge no final dos anos 70, quando o Brasil chegou a exportar mais de 500 mil t, para um total produzido de 750 mil t.
Nos anos 90, um novo cenário começou a surgir na cotonicultura mundial, como resultado das mudanças políticas na ex-URSS.
Os preços caíram rapidamente em todo o mundo. No Brasil, o algodão foi vendido abaixo do preço mínimo garantido pelo governo.
Como resultado, a produção nacional de algodão entrou em crise.
Durante o Plano Collor, o governo reduziu as tarifas de importação.
A indústria têxtil passou a se abastecer de algodão importado, principalmente de produto proveniente de países que subsidiam seus agricultores.
As importações também eram favorecidas por taxas de juros internacionais, bem mais baixas do que as praticadas por aqui, e prazos de pagamentos de até 400 dias.
"Importamos porque não havia algodão nacional no mercado", diz o vice-presidente da Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil), Paulo Antonio Skaf.
Ao mesmo tempo, o mercado brasileiro foi invadido por produtos têxteis baratos vindos de Taiwan, China e Hong Kong.
A única maneira de as indústrias competirem com os importados seria trazer do mercado externo grandes quantidades de algodão.
Em 1995 e 1996, o Brasil gastou mais de US$ 1 bilhão por ano comprando cerca de 600 mil t de algodão.
No ano passado, o país gastou quase a mesma quantia para comprar outras 400 mil t de algodão no mercado externo.
Negociação
No ano passado, os produtores brasileiros de algodão e representantes da indústria têxtil começaram a negociar um plano para a cotonicultura nacional.
A negociação mostrou que a retomada da produção no Brasil favorece tanto os produtores quanto a indústria.
O setor acredita que dentro de quatro anos o país voltará a ser auto-suficiente em algodão.
Outros fatores estão favorecendo a retomada do plantio. O preço mínimo recebeu aumento de 7,69% nesta safra.
O limite de crédito para financiamento também foi elevado (R$ 300 mil por produtor).
Para estimular a compra do algodão nacional, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) lançou uma linha de financiamento para a indústria, com taxas de juros mais baixas e 360 dias para pagamento.
Outro instrumento criado pelo governo para a comercialização desta safra de algodão foi o PEP (Prêmio de Escoamento de Produto), que garante o preço mínimo ao produtor.
O objetivo é evitar a importação de produto, favorecendo a comercialização do algodão nacional.
O PEP, que funciona por meio de leilões, está facilitando a comercialização da produção de Mato Grosso, região que está distante dos principais pólos da indústria têxtil.

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