São Paulo, segunda-feira, 13 de julho de 1998
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14 de Julho

MATINAS SUZUKI JR.

Depois de mais de um mês de tempo ruim, o sol e o céu azul apareceram na tarde parisiense. Para mim, foi uma espécie de aviso de que o dia seria dos azuis.
A Copa do Mundo foi uma invenção dos franceses nas primeiras décadas deste século. A seleção francesa fecha o século com o seu primeiro título, como uma espécie de homenagem tardia a Jules Rimet.
Há várias lições a serem aprendidas com a vitória francesa. A primeira delas é que o futebol está mudando de rumo. Uma nova seleção no pequeno clube dos vencedores de Copa do Mundo pode estar significando que novos ares virão para o futebol no próximo século.
As Copas estavam se tornando um evento pouco atrativo em termos de espetáculo.
Os Mundiais de 90, na Itália, e de 94, nos EUA, levaram o futebol para o perigoso terreno dos sistemas ultradefensivos.
A Copa da França resgatou o interesse pelos gols e pelos sistemas mais ofensivos (graças à introdução dos três pontos por vitória na cultura internacional do futebol). E pela reiteração da imperiosa necessidade de se ter craques em campo.
Mesmo assim, como lembrava outro dia um jornalista britânico, não haverá uma seleção dos anos 90, assim como foram as seleções húngara e brasileira dos 50, a brasileira de 62 e 70, a holandesa de 74, a brasileira de 82.
E, como lembrava Johan Cruyff, no sábado, não haverá o craque que simbolize os 90 como foram Di Stéfano para os 50, Pelé para os 60, ele mesmo para os 70 e Maradona para os 80.
A vitória francesa é merecida. Fez a melhor campanha na primeira fase, eliminou a seleção da Itália, passou pela seleção da Croácia, que ficou em terceiro lugar. E, na final, passou pelo Brasil. Além disso, organizaram um excelente Mundial, comprometido apenas pela questão dos ingressos -fato que é também de responsabilidade da Fifa.
O cidadão francês ficou meio enrustido no começo, começou a sair da toca à medida que a seleção ia se aproximando da final e, ontem, dizia, seria um dia tão importante quanto a libertação francesa ao final da Segunda Guerra.
Amanhã será um 14 de julho histórico.

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