São Paulo, segunda-feira, 13 de julho de 1998
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Leonardo contraria opinião de Zagallo

O que faltou para o Brasil ganhar a final da Copa?
Quando você perde, falta tudo. Não dá para dizer uma coisa ou outra, falhamos como um todo. Aconteceu...

No primeiro tempo, quando você estava em campo, o time foi muito apático, não achou? Tinha alguma coisa de errado, vocês entraram nervosos...
Não é questão de ter entrado nervoso ou não... Poxa, eu não sei mesmo o que aconteceu. Entramos mal, nada deu certo. O jeito é partir para a próxima...

O problema de Ronaldinho, que não se sentiu bem antes do jogo, abalou a seleção?
Nada, nada. O Ronaldinho está ótimo, não foi nada, isso é besteira. Não foi por esse motivo que jogamos mal.

O Zagallo, no entanto, afirmou outra coisa no início da entrevista coletiva...
Ele falou o quê?

Disse que o grupo todo ficou abalado com o fato de o Ronaldinho ter se sentido mal, que todo mundo ficou abalado e isso prejudicou o rendimento do time no primeiro tempo. Foi isso o que aconteceu? Um trauma?
Sabe aquele dia em que nada dá certo? Foi esse o dia do Brasil. Entramos mal no primeiro tempo, o Zagallo até tentou levantar o moral do time no segundo, mas não conseguiu. Não deu.

Fazendo um balanço da participação da seleção brasileira na Copa da França, o que você teria a dizer? Com o vice-campeonato mundial, o saldo pode ser considerado positivo?
Ficou um gosto amargo por causa da derrota, mas o balanço foi positivo, sim.
O Brasil fez pelo menos duas grandes apresentações, contra a Holanda, nas semifinais, e contra a Dinamarca, nas quartas-de-final, que foram apresentações para entrar na história das Copas do Mundo. Isso é importante. Mas fica, realmente, uma tristeza muito grande não só pela derrota na final, mas pela forma como ela aconteceu.
Não entramos bem em campo, parecia que o jogo já estava perdido, uma coisa que eu mesmo não entendo, não dá para explicar.

E o papel do Evandro Mota (engenheiro que ministra palestras para motivar os jogadores da seleção), como é que fica? Antes do jogo, ele dizia que o grupo estava motivadíssimo, confiante, o Zagallo dizia ter certeza do penta... Não houve excesso de confiança?
Se você quer saber se nós entramos de salto alto, não, de jeito nenhum. Eu sempre disse que a França era um time que merecia respeito e continuo achando isso. Principalmente por estar jogando em casa, os franceses tinham grandes chances de ganhar.

Terminado a partida, você se sentou no banco de reservas e chorou...
Foi a dor da derrota. Foi difícil aceitar o resultado, mas pelo menos o título ficou aqui na França, um país que me recebeu muito bem quando eu joguei aqui (no Paris Saint-Germain) e pelo qual tenho o maior carinho...

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