São Paulo, segunda-feira, 13 de julho de 1998
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Titular por duas horas, Edmundo critica Rivaldo

DOS ENVIADOS A SAINT-DENIS

Atacante, que até fez aquecimento antes da partida, diz que tinha condições de substituir Ronaldinho desde o início

Titular por duas horas antes da final contra a França, o atacante Edmundo lamentou que o técnico Zagallo tenha escolhido Ronaldinho, em vez dele, para começar a partida contra a França.
"Eu fiquei uma semana me preparando para não jogar e só uma ou duas horas me preparando para jogar", afirmou o jogador, que nesta Copa chegou a entrar em campo de chinelos quando estava entre os reservas.
O atacante da Fiorentina foi incluído entre os titulares do Brasil no comunicado oficial distribuído a jornalistas cerca de uma hora antes da partida.
Assinado pelo técnico Zagallo, o documento chegou até a ser tratado como estratégia da seleção brasileira para despistar o adversário.
Mais tarde preterido por Ronaldinho, Edmundo ficou no banco de reservas é só entrou aos 29min do segundo tempo, quando o Brasil perdia por 2 a 0 e a França só tinha dez jogadores.
"Estava bem. Poderia ter jogado. Mas, infelizmente, não deu. Quem sabe, só na próxima Copa."
O atacante não quis comentar o estado de saúde do companheiro. "Ele teve esse problema de indisposição. Mas quem pode falar disso é o médico."
Quando soube que ficaria mesmo no banco de reservas, ele já tinha feito aquecimento com os demais titulares e já tinha ouvido a preleção de Zagallo que o incluía.
O atacante fez um bom balanço de sua participação na Copa do Mundo, exceto por ter jogado muito menos do que pretendia.
"Bem que eu gostaria de ter jogado um pouco mais. Eu fui bem em todos os treinos, fiz gols, mas joguei pouco."
Edmundo elogiou até mesmo o seu comportamento. "Fui superpaciente e amigo de todos."
Durante a Copa, especialmente antes dela, o que houve foi um pouco diferente.
Edmundo chegou a dar entrevista dizendo que se considerava em melhor forma técnica e física do que o atacante Bebeto, o titular.
A entrevista provocou uma crise, cuja solução significou o início da recuperação brasileira, que se acentuou com a sequência de bons resultados na Copa do Mundo.
O atacante também foi o jogador que mais se envolveu com lances ríspidos nos treinos coletivos, em especial com o zagueiro Aldair.
Edmundo qualificou de "secundário" o incidente com Rivaldo. Ontem, no segundo tempo, o meia jogou a bola para a lateral para que fosse atendido o atacante francês Dugarry, que estava caído.
O gesto provocou a ira de Edmundo, que berrou intensamente.
"Cada um tem seu ponto de vista. Mas eu tenho muito amor pelo Brasil, pela camisa amarela."
Segundo Edmundo, Rivaldo não teria que "ficar tentando ser amigo dos franceses. Esse negócio de aperto de mão é para depois da partida. Enquanto estiver jogando, quero ganhar."
O que Rivaldo fez, entretanto, não foi nada além do que todas seleções adotaram durante a Copa.
O meia francês Petit, autor do terceiro gol francês na decisão, ganhou o prêmio Fair Play (jogo limpo) da Fifa por ter levado esse gesto ao limite.
Contra a Itália, ele jogou a bola para fora quando estava quase na linha de fundo prestes a cruzar para um companheiro quase livre na área. Faltavam três minutos para o final da prorrogação. Se tivesse saído o gol, a França teria ganho sem necessidade dos pênaltis.

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