São Paulo, segunda-feira, 13 de julho de 1998
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Empresa de turismo faz caçada por ingressos

SÉRGIO DÁVILA
ENVIADO ESPECIAL A SAINT-DENIS

A falta de ingressos para a final da Copa juntou cerca de 300 torcedores brasileiros numa saga que durou 48 horas, acabou há poucas horas e os deixou conhecidos como os "300 do Hotel Ibis", referência ao local onde se hospedaram, na periferia de Paris.
Eles compraram pacotes turísticos da Stella Barros e, embora constasse dos contratos, souberam na sexta à noite que a presença deles no estádio não estava garantida. Começou então uma sucessão de incidentes que só teve seu final às 21h, quando começou o jogo Brasil x França.
A empresa trouxe 7.000 brasileiros à Copa. Destes, 5.500 estavam ontem em Paris para a final. Quando da classificação do Brasil, a operadora de turismo já contava com 2.300 ingressos para a última partida e esperava os 3.200 que faltavam serem entregues pelo CFO, o comitê organizador da Copa.
Segundo a Folha apurou, só 2.200 ingressos foram entregues. Então, a partir de sábado, a Stella Barros deu início a uma operação de guerra: conseguir os mil lugares faltantes de qualquer jeito.
Primeiro, mandou fixar cartazes em hotéis com o texto "Operadora de turismo compra ingressos para a final, favor contatar tel. ...".
Formou uma rede de colaboradores para levantar caminhos possíveis de venda de ingressos.
Ainda, e principalmente, pôs funcionários na rua com somas consideráveis em dinheiro vivo no bolso para negociar diretamente com cambistas, a valores que iam de US$ 300 a US$ 3.000. "Fomos obrigados", disse Paulo Martins, coordenador de guias.
Foi o que mais funcionou -cerca de 80% dos ingressos comprados vieram daí.
Em alguns casos, o valor desembolsado por um ingresso superou o total pago pelo torcedor pelo pacote.
Durante a crise, a empresa enviava sucessivos mensageiros para dar a posição dos ingressos e negociar um novo prazo com os torcedores, previsivelmente irados.
Fim da saga, os "300 do Hotel Ibis", assim como os outros 5.200 torcedores da operadora, receberam os ingressos e conseguiram assistir à decisão. "Não se desiste de um sonho", disse o aposentado Eliseu Gil Belini, 59.

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