São Paulo, segunda-feira, 13 de julho de 1998
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Crises que dominam as terras da rainha e o que deve vir de bom por aí

ÁLVARO PEREIRA JÚNIOR
ESPECIAL PARA A FOLHA

Vamos ter de esperar mais um pouco. Foi adiada a volta do New Order, a banda britânica que, com maestria única, fez a transição da melancolia rocker dos anos 70/80 para a melancolia eletrônica dos 80/90.
O New Order não toca ao vivo desde 1991. A reestréia aconteceria no próximo fim-de-semana, no grandioso festival Phoenix, perto de Londres. Seriam quatro dias de som, com praticamente todas as bandas que realmente importam: além do New Order, Prodigy, Mogwai, Dawn of the Replicants, Sonic Youth, Portishead, Echo and the Bunnymen e muito mais.
Digo "seriam quatro dias" porque o festival, o maior do verão inglês, foi cancelado. Dos 40 mil ingressos antecipados que os organizadores esperavam vender, saíram só 15 mil. No ano passado, o prejuízo já havia sido cavalar, e a decisão foi não perder uma montanha de dinheiro novamente.
Os shows principais foram transferidos para um outro festival dos mesmos promotores, o de Reading, no último fim-de-semana de agosto.
É mais um golpe sério no mercado pop/rock inglês, que, depois da explosão britpop de cinco anos atrás, volta a entrar em crise, como apontam as revistas britânicas e a Ilustrada mostrou na semana passada.
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Para não fugir do clima de crise total que domina as terras da rainha, a banda Verve, uma das mais criativas da nova geração, parece à beira do abismo. Primeiro foi o baixista, Simon Jones, que teve um "colapso nervoso" durante a última excursão européia.
Agora, o guitarrista Nick McCabe anuncia que não vai para os EUA excursionar com o grupo, também por problemas "psicológicos".
Barra pesadíssima.
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Falando em drogas e comportamento alucinado, a revista americana "Alternative Press" faz, todo fim de ano, uma pesquisa de gosto duvidoso entre leitores e artistas com o seguinte tema: "Qual astro do rock você acha que vai morrer no ano que vem?".
Sempre me lembro dessa enquete quando vejo fotos da Cerys, cantora do Catatonia. Constantemente detonada em público, ela não faz nenhuma questão de esconder que passa o dia todo bêbada, drogada e sabe-se lá mais o quê. É meu palpite antecipado para a cova em 1999.
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Toca Radiohead no rádio, toca Radiohead em propagandas legais, muita gente fala em Radiohead. Será que o Brasil está se tornando um país melhor?
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E qual será "the next big thing" do Reino Unido a conquistar o mercado americano? Segundo um amigo muito bem informado, podemos apostar nossas fichas nos escoceses do Belle and Sebastian (play da semana passada), que deve lançar álbum novo em setembro.
A notícia está na última edição do semanário inglês "New Musical Express" (até aí nenhuma novidade) e na revista americana "Entertainment Weekly", que de alternativa não tem nada.
Para que uma banda semidesconhecida como o Belle and Sebastian seja objeto de notas na "EW", é porque tem gente muito importante apostando neles. Ainda bem. O Belle and Sebastian pode fazer do mundo um lugar melhor para se viver.
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A revista inglesa "Uncut", publicação favorita desta coluna, celebra em seu último número os quinze anos de lançamento do primeiro álbum dos Smiths. Quinze. E o pior é que não parece que foi ontem.

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