São Paulo, segunda-feira, 13 de julho de 1998
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Ataque mata três crianças católicas

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Três crianças católicas morreram queimadas na madrugada de ontem na cidade de Ballymoney (65 km ao noroeste de Belfast), na Irlanda do Norte, em um incêndio provocado por um grupo não-identificado.
Os irmãos Richard, 10, Mark, 9, e Jason Quinn, 7, morreram quando sua casa, localizada em uma região de maioria protestante, foi incendiada, às 4h30 (12h30 horário de Brasília).
As crianças, de origem católica, estudavam em colégio protestante. Duas mulheres e um homem, que também estavam no local no momento do atentado, foram levados ao hospital.
As mortes são as primeiras que ocorrem desde o início das manifestações, no último domingo, depois que a Ordem de Orange, organização protestante, foi impedida de passar pela rua Garvanghy, uma área católica na cidade de Portadown.
Cerca de 25 mil membros da organização estão concentrados na cidade e afirmam que só sairão de lá se forem autorizados a concluir a passeata.
Na noite de sábado, manifestantes protestantes voltaram a entrar em choque com a polícia, após o impasse nas negociações para pôr fim aos incidentes.
A Ordem de Orange é a maior organização protestante que, anualmente, realiza uma marcha que passa por ruas católicas como parte das comemorações da vitória de William de Orange sobre o rei católico James 2º, em batalha realizada em 1690.
O reverendo William Bingham, um dos líderes da organização, pediu ontem que os protestos na Irlanda do Norte se encerrem depois de tomar conhecimento das mortes em Ballymoney.
Segundo Bingham, a realização da parada na rua Garvanghy, em Portadown, era um objetivo que não compensaria mais ser conquistado.
"A Ordem de Orange precisa encerrar os protestos porque não pode mais controlá-los", disse.
O primeiro-ministro britânico, Tony Blair, e Mo Mowlam, ministra britânica para a Irlanda do Norte, condenaram o atentado e pediram que os protestos se encerrassem.
Outros representantes da Ordem de Orange se recusaram a relacionar os protestos que lideram à violência ocorrida em outros pontos na Irlanda do Norte.
O porta-voz da organização, David Jones, rejeitou os pedidos para que o movimento parasse com os protestos em Portadown após as três mortes.
"A única maneira de encerrar a violência é permitir as marchas dos protestantes pelos trajetos originais", disse. "Se nos tivessem deixado desfilar, provavelmente nada disso teria acontecido."
Ian Paisley, político protestante de linha dura, descreveu o ataque como "um crime diabólico".
Gerry Adams, presidente do Sinn Fein, braço político do Exército Republicano Irlandês (IRA), pediu que a Ordem de Orange desistisse de passar pela rua Garvanghy.

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