São Paulo, segunda-feira, 13 de julho de 1998
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MUDANÇAS NA PF

Desde meados de junho, assiste-se a um inédito e lamentável embate público entre o comando da Polícia Federal (PF) e a Procuradoria-Geral da República. O estopim foram as ameaças de morte a uma procuradora que investigava policiais corruptos da PF de São Paulo. O Procurador-Geral da República veio a público pedir a "limpeza" da superintendência do órgão em São Paulo. Seguiu-se, então, um tiroteio verbal com o diretor-geral da PF.
Um efeito positivo da queda de braço entre essas organizações foi colocar às claras uma das mazelas da corporação policial federal: manter policiais em suas funções, apesar de já estarem condenados em primeira decisão da Justiça -colaborando assim para o comprometimento da credibilidade da instituição.
Em resposta a essa crise pública vieram providências do Ministério da Justiça. Uma medida provisória determinou o afastamento imediato de policiais federais que estão sendo investigados por falta grave em processo disciplinar. Vários desses funcionários já foram alcançados pela medida, que também prevê a utilização da pena disciplinar de demissão, independentemente de decisão final da Justiça. Agora, é anunciada a criação de uma corregedoria para investigar permanentemente a PF.
Ressalte-se que as pressões da procuradoria renderam o pedido de licença de quatro policiais que ocupavam cargos de confiança na cúpula policial. A devassa, dessa vez, atingiu até cargos principais do órgão.
No centro da disputa entre as corporações está o poder sobre o comando da condução dos processos criminais. A PF teme o esvaziamento de suas funções. Está em jogo, na prática, a definição dos limites do controle externo da Procuradoria.
Interessa altamente à sociedade o equilíbrio entre as funções e os poderes dessas duas instituições.

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