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Diretora argentina mostra 'biodrama' em SP

Vivi Tellas, expoente do teatro documentário, retrata em 2 sessões dilemas da vida real em 'O Rabino e Seu Filho'

Método experimental baseia-se na utilização de não atores e na encenação de suas histórias pessoais

Simon Plestenjak/Folhapress
Ruben Sternschein (à dir.) e seu filho Uriel, na peça de Vivi Tellas
Ruben Sternschein (à dir.) e seu filho Uriel, na peça de Vivi Tellas

MARCIO AQUILES
DE SÃO PAULO

O espetáculo "O Rabino e Seu Filho", da argentina Vivi Tellas, está em cartaz hoje e amanhã no Centro da Cultura Judaica, trazendo a São Paulo os experimentos em teatro documentário da diretora portenha.

O formato, que vem sendo trabalhado por ela desde 2003, coloca não atores no palco e transforma as suas experiências reais em cenas dramáticas.

São os "biodramas", segundo Tellas, que já pôs em cena desde catedráticos em filosofia até sua mãe e sua tia. Em 2009, ela já havia levado dois rabinos aos palcos de Nova York.

Agora, lança os holofotes sobre o rabino Ruben Sternschein e seu filho Uriel, que relembram pela via dramática algumas situações verídicas pelas quais já passaram.

"A dramaturgia é totalmente baseada na biografia das pessoas que participam da montagem", conta Tellas.

"Eu escolho não atores, mas eles precisam ser 'teatralizáveis' pela curiosidade de suas histórias pessoais."

VERDADE NO PALCO

Essa proximidade da encenação com a realidade fez com que o rabino Sternschein radicalizasse ao extremo o método de Tellas.

Há uma cena em que o filme "Os Dez Mandamentos" (1956), de Cecil B. DeMille, é projetado no palco. Buscando uma maior dramaticidade, a diretora pediu ao rabino que ele dissesse ser aquele seu filme favorito, proposta recusada por Sternschein.

"Tudo o que falamos no palco é verídico. Eu não podia dizer que era meu filme predileto. Então decidi falar que aquele 'poderia ter sido' o filme favorito de minha avó", afirma Sternschein.

E não são apenas as histórias que carregam veracidade. Tanto o livro sobre o qual pai e filho debatem quanto o cachorrinho que desfila no palco pertencem à família.

"Essa reconstrução no palco é também uma forma de ficção, mesmo que baseada em histórias reais", diz Tellas.

Tamanha autonomia cedida aos atores na hora de construir o espetáculo reflete certos princípios políticos e filosóficos da diretora.

"Eu sou contra qualquer forma de controle político. Isso reverbera no meu trabalho e na liberdade que dou às pessoas em cena", afirma.

Tellas forneceu apenas algumas diretrizes ao elenco durante os ensaios, pois prioriza seus instintos, já que relatam histórias pessoais.

"Essa inocência de não saber bem como fazer é valiosa, pois tira todo o peso de falas artificiais", enfatiza.

O RABINO E SEU FILHO

QUANDO hoje e amanhã, às 21h
ONDE Centro da Cultura Judaica (r. Oscar Freire, 2.500; tel. 3065-4333)
QUANTO grátis
CLASSIFICAÇÃO livre

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