Trio Crosby, Stills & Nash faz sua primeira apresentação no Brasil

Graham Nash é um homem sem uma resposta. O único inglês do Crosby, Stills & Nash, supertrio de folk rock (que já foi quarteto, com Neil Young) dos anos 1960, diz não ter a menor ideia dos motivos que fizeram a banda nunca ter se apresentado no Brasil.

"Foi um grande erro. Deveríamos ter tocado anos atrás", lamenta por telefone à Folha.

Ex-integrante do The Hollies -do sucesso "Bus Stop"-, Nash é polido no trato, mesmo diante de temas potencialmente espinhosos. Exemplo: por que Neil Young não está em turnê?

"Somos amigos, mas ele é um sujeito estranho, que só faz o que bem entende. Preferiu tirar um tempo para escrever sua autobiografia."

Formado na Califórnia em 1968 por músicos já consagrados, o CSN ganhou fama por suas delicadas harmonias vocais. Atração do festival de Woodstock, fez história ao dar voz à juventude hippie.

Tudo isso poderia fazer o trio soar hoje antigo e datado, como a capa do clássico "Déjà Vu" (1970) -que traz, em tons de sépia, os músicos como velhos fazendeiros.

A atual cena "indie folk", no entanto, mostra exatamente o oposto. Quase impossível não ouvi-lo citado entre as influências de grupos que vão de Wilco a Fleet Foxes. E até mesmo de James Blake, nova sensação do dubstep.

"Eu amo ter influenciado tanta gente. Mas nós somos apenas um pequeno nó em uma longa cadeia, que começou há muito mais tempo, nas cavernas", brinca.

"Estamos trabalhando em um disco novo, de covers, com canções que gostaríamos de ter feito, como 'Ruby Tuesday', dos Rolling Stones."

Quando deixar hoje à noite o palco do Via Funchal, em São Paulo, o CSN sairá da lista das grandes bandas que nunca pisaram no país. Das de sua geração, ainda em atividade, só restará o The Who.

Boa desculpa para levar o recado ao compatriota Pete Townshend. "Por que não? Quando voltar aos EUA, vamos falar para todos como foi legal estar no Brasil e o quão incrível o público é."