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Olido comemora 80 anos de Joaquim Pedro de Andrade

Retrospectiva em SP traz cópias restauradas dos longas do diretor carioca, um dos mais importantes realizadores do cinema novo

TRAJANO PONTES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O aniversário do nascimento do cineasta Joaquim Pedro de Andrade (1932-88) é celebrado com uma retrospectiva completa de sua obra.

A partir de amanhã até o dia 11/10, o Cine Olido exibirá os 14 longas e curtas dirigidos pelo carioca entre 1959 e 1981.

Estão no pacote obras marcantes do cinema novo, como a comédia "Macunaíma", de estética e cenas tão fortes que passaram a fazer parte do imaginário coletivo.

A adaptação da obra-prima do modernismo, escrita por Mário de Andrade (1893-1945), ganhou tons do tropicalismo e da chanchada para criticar a realidade social brasileira dos anos 1960.

Amparado em atuações generosas do elenco, o filme teve grande sucesso comercial.

A vida e a obra de outro modernista, Oswald de Andrade (1890-1954), são visitadas em "O Homem do Pau-Brasil", último filme de Joaquim.

Na comédia de 1981, o escritor é interpretado simultaneamente por um ator e uma atriz. Com a "devoração" do Oswald-macho pelo Oswald-fêmea, ocorre a criação da Mulher do Pau-Brasil, líder da revolução para instalar o matriarcado antropófago como regime político do Brasil.

A intersecção da obra de Joaquim com a literatura brasileira foi além dos modernistas. Também os poetas Carlos Drummond de Andrade, Manuel Bandeira e Cecília Meireles, além do sociólogo Gilberto Freyre, inspiraram registros do cineasta.

O primeiro longa de ficção do carioca parte de um poema de Drummond para contar um amor proibido.

Em "O Padre e a Moça", de 1965, Helena Ignez interpreta mulher que não se conforma à vida pacata da pequena cidade e enxerga a salvação no novo padre do lugar, vivido por Paulo José.

Outros dois poetas são temas de curtas documentais produzidos no início da carreira, em 1959.

A vida e o método de trabalho de Gilberto Freyre são retratados em "O Mestre de Apipucos". Os versos de Manuel Bandeira, lidos pelo próprio, acompanham e transfiguram os gestos banais de sua rotina em "O Poeta do Castelo".

Os dois curtas serão exibidos antes do documentário "Garrincha, Alegria do Povo", de 1963. No longa, a arte do jogador e a euforia dos torcedores não afastam a denúncia de uso político da paixão popular pelo esporte.

Já a poesia de Cecília Meireles foi uma das fontes de "Os Inconfidentes", de 1972.

O filme contesta a versão oficial do movimento mineiro, tirando o foco do herói Tiradentes para lançá-lo sobre os intelectuais participantes.

Todos os longas serão exibidos em cópias restauradas em formato 35 mm.

RETROSPECTIVA JOAQUIM PEDRO DE ANDRADE
QUANDO de amanhã a 11/10
ONDE Cine Olido (av. São João, 473, tel. 3331-8399)
QUANTO R$ 1
CLASSIFICAÇÃO variada

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