São Paulo, Sábado, 01 de Janeiro de 2000


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CINEMA/ESTRÉIA
Projeto da TV pública vira negócio de multinacional

HAROLDO CERAVOLO SEREZA
da Reportagem Local


Efeitos especiais realizados na França, acabamento nos EUA. "Castelo Rá-Tim-Bum", inicialmente um projeto educativo de uma TV pública, acabou um negócio de multinacional do cinema.
Após a primeira apresentação do filme em São Paulo, jornalistas de todo o país, convidados pela produção, se reuniram com o elenco. Entre as estrelas, uma mereceu especial atenção e a ela foram direcionadas boa parte das perguntas: Rodrigo Saturnino, executivo da Columbia Pictures no Brasil.
A empresa é responsável por R$ 3 milhões dos R$ 7,5 milhões que bancaram o filme (outros R$ 2,2 milhões vieram do Banespa). É a Columbia quem cuida da distribuição de "Castelo" e, portanto, a grande responsável na guerra contra Xuxa, Renato Aragão, "Toy Story 2" e "Pokémon".
"Lançar "Castelo" é um desafio", disse, falando sobre a concorrência. "Pretendemos vencer pela qualidade", afirmou, também cuidando do marketing, que "vende" "Rá-Tim-Bum" como um produto diferente dos concorrentes.
Na guerra de marketing, Saturnino acredita contar com dois bons ventos do mercado: o aumento do número de salas e a venda de ingressos com preços reduzidos para menores de 12 anos. "A meia-entrada permite que a criança veja todos os filmes", disse ele.
Negócios à parte (Alain Fresnot, o produtor, versou sobre os efeitos da desvalorização do real na produção e Hamburger minimizou as perdas em efeitos especiais, que consumiram boa parte do orçamento), o bom do dia foram as piadas entre a equipe.
Hamburger começou: "Na história que eu tinha, precisava de uma bruxa...". Marieta Severo emendou: "Aí, ele pensou em mim!". Hamburger tentou consertar, mas acabou reafirmando que elaborou a personagem pensando na atriz. "Não carreguei esse queixinho a vida inteira à-toa", foi outra frase marcante da atriz. "Quis envolver as crianças, mas não as atemorizar."
Entre as crianças, Mayara Constantino, 13, que faz Cacau, disse que Diegho Kozievitch, 13, o Nino, "aprendeu bastante" em São Paulo.
Diegho é de Curitiba (Paraná), onde iniciou sua carreira cantando em corais e fazendo peças infantis ("Faltei na escola quase meio ano quando fiz "Peter Pan"'). Os outros atores infantis do filme, Leandro Léo (João) e Oscar Neto (Ronaldo), também explicaram como conseguiram conciliar filmagens, aulas cabuladas e reposições, de modo que "Castelo Rá-Tim-Bum" fosse feito e eles não tomassem bomba.
Pascoal da Conceição, que faz um Abobrinha com dimensões políticas, diz que não usou o prefeito de São Paulo, Celso Pitta (PTN), na construção do seu personagem.
"Não diria que há uma coincidência. Acho que ele, como referência, empobrece", avaliou.
A saia justa ficou por conta de Saturnino, que se queixou da cabine do Cinesesc. Achou que o filme ficou escuro na sala do co-patrocinador (que, aliás, inaugura exposição na unidade Belenzinho em 15 de janeiro).
Já Hamburger achava que a cópia é que não estava muito clara. Uma nova revelação resolveria o problema. E assim foi feito, segundo a sua vontade. O filme, menos colorido que a série de TV, estréia um pouco mais claro que na sua primeira exibição.


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