São Paulo, Sábado, 01 de Janeiro de 2000


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Roteiro teve versão mais violenta da cidade

da Reportagem Local


Leia abaixo entrevista com o cineasta Cao Hamburger, diretor de "Castelo Rá-Tim-Bum". (HCS)

Folha - O mercado infantil é um dos melhores para o cinema brasileiro. Há Xuxa, Renato Aragão e "Castelo", três grandes lançamentos. Mesmo assim, seu filme dependeu de renúncia fiscal e do apoio de estatais.
Cao Hamburger -
Os R$ 2,2 milhões do Banespa não vejo como sendo de dinheiro público, mas de uma empresa normal, que vai ser privatizada. Mas a gente só consegue fazer cinema hoje com as leis de incentivo. Encaro isso com uma grande responsabilidade, mas considero essa uma dependência saudável. Só a TV é insuficiente para formar a identidade visual de um país.

Folha - "Rá-Tim-Bum" vai disputar o mercado com outros lançamentos de peso. Você acha que "deu azar"?
Hamburger -
Eu não sei. Estava até falando para o motorista em Sorocaba (São Paulo), quando fomos apresentar o filme: preferia fazer mais cinco do que lançar mais um. É muito estressante, não se sabe exatamente o que vai acontecer.

Folha - Você viu os concorrentes?
Hamburger -
Não, não deu tempo. Nem o "Toy Story 2". Mas acho que o "Castelo" tem uma particularidade por sua preocupação com o conteúdo, pelo menos pela tradição dos filmes infantis. Eu sinto uma demanda muita grande dos pais e das crianças por histórias que tenham algo a dizer. Eu gosto que seja assim.

Folha - Por que o filme não tem a preocupação didática que tinha a série?
Hamburger -
São veículos diferentes. Na TV, cabe ensinar a lavar a mão, a escovar o dente. No cinema, não. Mas a família Stradivarius forma um universo que valoriza a cultura, os livros, sem sair da história. Isso é o que mais me encanta, essa possibilidade de fazer um entretenimento com bruxas, ritmo, efeitos especiais etc., sem deixar de lado uma história com algo a dizer.

Folha - Há uma oposição entre a violência da cidade e a tranquilidade da casa, da família, no filme.
Hamburger -
Não pensaria em violência, mas entre a metrópole e o mundo moderno e essa ilha humanista. Teve uma versão do roteiro que tinha mais violência na cidade, mas isso foi ficando secundário, periférico.

Folha - Uma pergunta anterior ao filme: por que Nino não tem pais, só tios?
Hamburger -
Penso que, na história, isso está bem resolvido. O fato de ele não ter pais o deixa mais vulnerável, uma fraqueza a mais para ele vencer. O Nino, na verdade, tem pais. Eles apareceram nos livros do "Castelo". São cientistas que moram numa galáxia distante, mas que também não têm muita importância. O Victor assume papéis paternos muito claros, ele viaja, trabalha. A Morgana, os papéis de mãe. Fica claro que ele não é um órfão.


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