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Roteiro teve versão mais violenta da cidade
da Reportagem Local
Leia abaixo entrevista com o cineasta Cao Hamburger, diretor
de "Castelo Rá-Tim-Bum".
(HCS)
Folha - O mercado infantil é
um dos melhores para o cinema
brasileiro. Há Xuxa, Renato Aragão e "Castelo", três grandes
lançamentos. Mesmo assim, seu
filme dependeu de renúncia fiscal e do apoio de estatais.
Cao Hamburger - Os R$ 2,2 milhões do Banespa não vejo como
sendo de dinheiro público, mas
de uma empresa normal, que vai
ser privatizada. Mas a gente só
consegue fazer cinema hoje com
as leis de incentivo. Encaro isso
com uma grande responsabilidade, mas considero essa uma dependência saudável. Só a TV é insuficiente para formar a identidade visual de um país.
Folha - "Rá-Tim-Bum" vai disputar o mercado com outros
lançamentos de peso. Você acha
que "deu azar"?
Hamburger - Eu não sei. Estava
até falando para o motorista em
Sorocaba (São Paulo), quando fomos apresentar o filme: preferia
fazer mais cinco do que lançar
mais um. É muito estressante, não
se sabe exatamente o que vai
acontecer.
Folha - Você viu os concorrentes?
Hamburger - Não, não deu tempo. Nem o "Toy Story 2". Mas
acho que o "Castelo" tem uma
particularidade por sua preocupação com o conteúdo, pelo menos pela tradição dos filmes infantis. Eu sinto uma demanda
muita grande dos pais e das crianças por histórias que tenham algo
a dizer. Eu gosto que seja assim.
Folha - Por que o filme não
tem a preocupação didática que
tinha a série?
Hamburger - São veículos diferentes. Na TV, cabe ensinar a lavar a mão, a escovar o dente. No
cinema, não. Mas a família Stradivarius forma um universo que valoriza a cultura, os livros, sem sair
da história. Isso é o que mais me
encanta, essa possibilidade de fazer um entretenimento com bruxas, ritmo, efeitos especiais etc.,
sem deixar de lado uma história
com algo a dizer.
Folha - Há uma oposição entre
a violência da cidade e a tranquilidade da casa, da família, no
filme.
Hamburger - Não pensaria em
violência, mas entre a metrópole e
o mundo moderno e essa ilha humanista. Teve uma versão do roteiro que tinha mais violência na
cidade, mas isso foi ficando secundário, periférico.
Folha - Uma pergunta anterior
ao filme: por que Nino não tem
pais, só tios?
Hamburger - Penso que, na história, isso está bem resolvido. O
fato de ele não ter pais o deixa
mais vulnerável, uma fraqueza a
mais para ele vencer. O Nino, na
verdade, tem pais. Eles apareceram nos livros do "Castelo". São
cientistas que moram numa galáxia distante, mas que também não
têm muita importância. O Victor
assume papéis paternos muito
claros, ele viaja, trabalha. A Morgana, os papéis de mãe. Fica claro
que ele não é um órfão.
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