São Paulo, segunda-feira, 01 de fevereiro de 2010

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Crítica/"Tyson"

Filme sobre boxeador mostra contradições do ser humano

RICARDO CALIL
CRÍTICO DA FOLHA

Os documentários biográficos costumam seguir um padrão básico: para compor um retrato multifacetado de seu personagem principal, ouve-se o maior número possível de pessoas ligadas a ele. Em "Tyson", o diretor americano James Toback decidiu limitar seu foco, realizando um filme baseado apenas em uma longa entrevista com seu biografado e em imagens de arquivo do ex-boxeador.
Para alguns, pode ser sinal de preguiça. Mas o resultado final demonstra que há sabedoria na decisão. Pois Mike Tyson encerra em si contradições suficientes para garantir o impacto do documentário.
Toback entendeu uma questão simples. Não só a trajetória de Tyson -de ladrão de gueto e campeão mundial de boxe a condenado por estupro e celebridade de segunda classe- tinha enorme força dramática, como também o ex-boxeador encerrava em si todas as contradições necessárias a um bom filme: ele é alternadamente bruto e delicado, ingênuo e sábio, balbuciante e surpreendentemente articulado.
"Tyson" é um documentário simples, mas de impacto. O filme tem a virtude de captar diversas facetas de um grande herói trágico contemporâneo.
O resultado é um documentário que vai interessar não apenas quem gosta de boxe, mas também quem se interessa pelo que há de trágico e patético na existência humana -duas características que Tyson simboliza como poucos nos tempos recentes.


Avaliação: bom


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