São Paulo, sábado, 01 de abril de 2006

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CRÍTICA/"PARADOXOS BRASIL"

Mostra confirma novidades nas artes

FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL

"Paradoxos Brasil", mostra que apresenta obras de 78 artistas selecionados pelo programa Rumos Visuais do Itaú Cultural, tem todas as características de um salão de arte contemporânea. A exposição apresenta um grande número de trabalhos que pouco dialogam entre si, mas está carregada de uma vivacidade, típica da energia de artistas em início de carreira, mesmo que em muitos casos com excesso de referências. Com isso, o único elo, de fato, é ser neófito.
São Paulo já possui eventos do gênero, tanto o Paço das Artes quanto o Centro Cultural São Paulo têm sua agenda dedicada, quase que exclusivamente, à nova produção. Entretanto, o Rumos tem apresentado uma pretensão maior: mapear, nacionalmente, a produção de artistas que "ainda não chegaram ao conhecimento do grande público".
Nesse sentido, "Paradoxos" apostou pouco, tornando-se mais um evento de confirmação do que de prospecção. Muitos artistas na exposição não só já decolaram sua carreira no país como até expuseram no exterior, caso de Lia Chaia, Sara Ramo, Marcone Moreira, Chiara Banfi, Eduardo Srur e Paulo Nenflídio, entre outros.
Talvez o atraso para a realização desta edição, que levou quase quatro anos para se concretizar, em vez dos dois anos usuais, tenha sido uma das razões. Nesse sentido, não deixa de ser notável como artistas jovens entraram para um circuito nacional e internacional com agilidade.
Mas -e aí o atraso pode ter ajudado- é inegável que há trabalhos de uma complexidade que poderia não ser comum em iniciantes. É o caso, por exemplo, de "As Boas Intenções Não São Sempre as Melhores", de Nicolás Robbio, uma parede repleta de desenhos e colagens que, poeticamente, questionam a idéia de representação.
A representação também é tema das instalações escultóricas de Tatiana Blass, outra artista já com presença no circuito, mas com novos desdobramentos na exposição, o que também ocorre com a instalação de André Komatsu, "Alice e a Toca do Coelho", em que o visitante pode mudar de piso na exposição atravessando um buraco construído pelo artista.
Não deixa de ser notável como a pintura tem grande espaço na exposição -surpreendentemente mais até que a fotografia-, com as pinturas de Lucia Laguna como um dos destaques, enquanto há poucas experiências de linguagem na jovem produção.
Com tudo isso, "Paradoxos" revela-se não só um bom nome para tratar da produção nacional como também um bom conceito para o próprio Rumos.


Paradoxos Brasil - Rumos Artes Visuais 2005-2006
   
Quando: de ter. a sex., das 10h às 21h; sáb., dom. e fer., das 10h às 19h; até 28/5
Onde: Itaú Cultural (av. Paulista, 149, tel. 2168-1776)
Quanto: entrada franca


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