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CRÍTICA/"PARADOXOS BRASIL"
Mostra confirma novidades nas artes
FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL
"Paradoxos Brasil", mostra que apresenta obras de
78 artistas selecionados pelo programa Rumos Visuais do Itaú
Cultural, tem todas as características de um salão de arte contemporânea. A exposição apresenta
um grande número de trabalhos
que pouco dialogam entre si, mas
está carregada de uma vivacidade,
típica da energia de artistas em
início de carreira, mesmo que em
muitos casos com excesso de referências. Com isso, o único elo, de
fato, é ser neófito.
São Paulo já possui eventos do
gênero, tanto o Paço das Artes
quanto o Centro Cultural São
Paulo têm sua agenda dedicada,
quase que exclusivamente, à nova
produção. Entretanto, o Rumos
tem apresentado uma pretensão
maior: mapear, nacionalmente, a
produção de artistas que "ainda
não chegaram ao conhecimento
do grande público".
Nesse sentido, "Paradoxos"
apostou pouco, tornando-se mais
um evento de confirmação do que
de prospecção. Muitos artistas na
exposição não só já decolaram
sua carreira no país como até expuseram no exterior, caso de Lia
Chaia, Sara Ramo, Marcone Moreira, Chiara Banfi, Eduardo Srur
e Paulo Nenflídio, entre outros.
Talvez o atraso para a realização
desta edição, que levou quase
quatro anos para se concretizar,
em vez dos dois anos usuais, tenha sido uma das razões. Nesse
sentido, não deixa de ser notável
como artistas jovens entraram
para um circuito nacional e internacional com agilidade.
Mas -e aí o atraso pode ter ajudado- é inegável que há trabalhos de uma complexidade que
poderia não ser comum em iniciantes. É o caso, por exemplo, de
"As Boas Intenções Não São Sempre as Melhores", de Nicolás Robbio, uma parede repleta de desenhos e colagens que, poeticamente, questionam a idéia de representação.
A representação também é tema das instalações escultóricas de
Tatiana Blass, outra artista já com
presença no circuito, mas com
novos desdobramentos na exposição, o que também ocorre com a
instalação de André Komatsu,
"Alice e a Toca do Coelho", em
que o visitante pode mudar de piso na exposição atravessando um
buraco construído pelo artista.
Não deixa de ser notável como a
pintura tem grande espaço na exposição -surpreendentemente
mais até que a fotografia-, com
as pinturas de Lucia Laguna como
um dos destaques, enquanto há
poucas experiências de linguagem na jovem produção.
Com tudo isso, "Paradoxos" revela-se não só um bom nome para tratar da produção nacional como também um bom conceito
para o próprio Rumos.
Paradoxos Brasil - Rumos Artes Visuais 2005-2006
Quando: de ter. a sex., das 10h às 21h;
sáb., dom. e fer., das 10h às 19h; até 28/5
Onde: Itaú Cultural (av. Paulista, 149, tel.
2168-1776)
Quanto: entrada franca
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