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DANÇA EM PAUTA
Companhias nacionais e internacionais dividem o palco do projeto no Centro Cultural Banco do Brasil
Ciclo é marcado por pluralidade de enfoques
Divulgação
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Cena da coreografia "M - Uma Peça Mediana", de Maria Clara Villa-Lobos, apresentada no ciclo |
INÊS BOGÉA
CRÍTICA DA FOLHA
Mestiçagem das linguagens, influência de diversas
artes, ressonâncias de teorias.
Com nova cara, o Dança em Pauta 2004 recebe artistas de outros
países e promove a experimentação de criadores independentes.
O programa teve início em 17/6 e
vai até 11/7, no CCBB, com curadoria de Ana Francisca Ponzio.
Até agora o que se viu foram
propostas e resultados distintos.
Se de um lado a pluralidade de enfoques é uma riqueza, de outro o
que se pode dizer é que a qualidade dos resultados nem sempre
correspondeu à expectativa.
A temporada abriu com "M
-Uma Peça Mediana", de Maria
Clara Villa-Lobos, com o grupo
XLProduction. Humor e ironia
marcam a cena onde o pré-fabricado e o repetitivo são postos em
foco, para questionar a cultura de
massa e sua internalização na vida
subjetiva de cada um de nós.
Em "O Bandido", de Jussara Miranda, a movimentação é cheia de
detalhes, estilizada e bem desenvolvida. Pergunta: ao tentar definir as características emocionais e
comportamentais numa ação teatral, será que Miranda não limitou
demais seu âmbito? A expectativa
em relação à trama amorosa, entre "um bandido, o sargento que o
procura e a uma prostituta", sugere processos que acabam não chegando a termo.
Em "Espaço - Estudo 2", de Angela Nolf e Deborah Furquim, linhas, fluxos, densidade e freqüência dão a tônica do espetáculo,
que se completa no vídeo ao fundo. As intérpretes são fortes e tecnicamente seguras; porém o espetáculo corre o risco de cair num
branco, sem tensão. Parece mais
um fino exercício do que propriamente um espetáculo -o que talvez seja parte do sentido.
Muito mais problemático é "Por
Quién Lloran Mis Amores", de Tino Fernández, interpretado por
Marvel Benavides. Em cena estão
250 copos de vidro, em meio dos
quais acontece a dança. A coreografia trabalha "mistérios e intimidades" de uma mulher, com
expressões exageradas do rosto e
técnica que deixa a desejar.
Para fechar essa primeira parte
da programação, o Grupo de Rua
de Niterói apresentou "Too Legit
to Quit", "Eu e Meu Coreógrafo
no 63" e "Do Popping ao Pop e
Vice-Versa", de Bruno Beltrão.
Ingenuidade, humor e virtuosismo corporal perpassam toda a seqüência. Nas duas primeiras peças, a sofisticação dos gestos se
contrapõe aos cartazes ou ao som
da conversa de amigos, numa crítica (um tanto pueril) a valores e
dificuldades cotidianas.
"Do Popping..." explora com
outro engenho a construção coreográfica. Estados internos (angústia, indecisão etc.) se tornam
visíveis sem som nem palavras. O
cuidado com detalhes, da luz ao
gesto, cria uma narração instigante de possibilidades e impossibilidades, face aos conflitos diários.
A dança agora continua em
pauta na cidade, com espetáculos
de Emilie Sugai (reflexões sobre o
"mundo materialista e dessacralizado"); Lu Brites (o que há de
"selvagem e domesticável no indivíduo"); Letícia Sekito (as relações com a cultura japonesa); e
Beth Risoléu, dançando coreografia de Lau Delgado (inspirada na
obra de Camille Claudel). Outra
seleção muito diversa de nomes,
com trabalhos de câmara, que representam bem a grande pequena
dança de São Paulo
Dança em Pauta
Onde: CCBB (r. Álvares Penteado, 112;
tel. 3113-3651)
Quando: até 11/7; de qui. a sáb., às 20h;
dom., às 19h
Quanto: de R$ 5 a R$ 10
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