São Paulo, terça-feira, 01 de outubro de 2002

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SHOW

Norte-americana, que se apresenta pela segunda vez no país, é considerada pela crítica dos EUA a melhor violinista de jazz

Regina Carter evidencia faceta intimista

Divulgação
A violinista norte-americana Regina Carter, que toca hoje e amanhã no Bourbon Street, em Moema, em shows da série Diners Jazz


EDSON FRANCO
EDITOR DE VEÍCULOS E CONSTRUÇÃO

Uma unanimidade sobe ao palco do Bourbon Street hoje e amanhã. Em shows que fazem parte da série Diners Jazz, a norte-americana Regina Carter traz seu quinteto para exibir as razões que fazem a crítica apontá-la como a melhor violinista do jazz atual.
Não há exagero. Seu maior concorrente atende pelo nome de Didier Lockwood. Mas, apesar dos esforços e dos serviços prestados ao jazz, o francês não faz o violino "suingar" como Carter.
Ainda mais agora. Depois de já ter provado que velocidade e precisão -além de pop, blues, música erudita e rhythm and blues- são atributos que fazem parte da sua técnica-, a violinista está mais relaxada -no bom sentido- e emprestando ao seu fraseado um sentido mais orgânico.
"Um professor me disse que eu tocava demais e pediu para que eu prestasse atenção nos músicos de sopro. Passei a "respirar" no mesmo tempo deles e dos vocalistas. Mas, quando estou nervosa, não tem jeito: toco muitas notas", disse Carter, por telefone à Folha.
E os brasileiros não irão ouvir notas demais, pois ela conta que, por ser sua segunda visita ao país, manterá os nervos sob controle. Ela tocou no Chivas Jazz Festival de dois anos atrás.
Além da técnica exuberante, aquela apresentação foi marcada pelo ecletismo de Carter, que chegou a tocar uma animada versão de "Tico-Tico no Fubá". Para os shows atuais, ela adianta que tem outra música brasileira na ponta dos dedos. Trata-se de "Black Orpheus", composição de Luiz Bonfá (1922-2001) também conhecida como "Manhã de Carnaval".
Essa música integra o sexto CD da violinista -que deve ser lançado no mês que vem- e será uma espécie de ovelha negra no repertório. "Na maior parte do disco, vou fazer uma leitura jazzística da música erudita."
Ela reconhece que essa empreitada contempla uma boa dose de risco. Mas não o suficiente para amedrontar quem se impôs em um estilo musical dominado por homens e no qual o violino mais coadjuvou do que estrelou.
"Sou afortunada por viver num tempo em que o instrumento já virou parte original do idioma do jazz. Mesmo assim, não foi fácil. Sempre que chegava a algum lugar e me apresentava como jazzista, os donos de clube perguntavam: "O que você canta?"."
Por falar em clube, quando esteve aqui há dois anos, a violinista tocou diante dos 1.600 lugares do DirecTV Music Hall. Hoje e amanhã, a coisa será mais íntima, pois terá diante de si apenas 350 almas.
Para ela, isso não é relevante quando o assunto é o lugar ideal para a apreciação de sua música. "Temos de tocar em qualquer lugar. O jazz está sofrendo. Não há muita exposição para a música."
E, para expor uma música que já motivou convites para tocar com gente como Aretha Franklin, Wynton Marsalis, Cassandra Wilson e Kenny Barron, Carter está trazendo Werner "Vana" Gierig (piano), Chris Lightcap (baixo), Alvester Garnett (bateria) e Mayra Casales (percussão).


REGINA CARTER - Quando: hoje e amanhã, às 22h30. Onde: Bourbon Street Music Club (rua dos Chanés, 127, Moema, região sul, tel. 5561-1643). Quanto: de R$ 65 a R$ 120.



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