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ARTES CÊNICAS
Peças estréiam hoje
Christine Röhrig lança seu "teatro de bolsa"
DA REPORTAGEM LOCAL
Atuando há anos como editora
e tradutora de Bertolt Brecht, Heiner Müller, Johann Wolfgang
Goethe e Georg Büchner, para citar alguns dramaturgos da língua
alemã, era natural que Christine
Röhrig se inclinasse para o ofício.
Dois monólogos curtos que estréiam hoje em São Paulo, dentro
da programação do projeto
"Marlene Dietrich, Leni Riefenstahl: Duas Estrelas Alemãs", na
sala Cinemateca, sinalizam os primeiros passos de Christine na
criação de textos para teatro.
De tom intimista (solidão, falta
de amor próprio), "Marlene e o
Sapo" e "Via de Regra" são duas
performances encaixadas no que
a autora define como "teatro de
bolsa", com franca inclinação para a abordagem do universo feminino, mas esquivo à pecha feminista. Seu "teatro de bolsa" é concebido para refletir a auto-suficiência da pequena sacola que a
mulher carrega nos ombros e na
qual, tal coração de mãe, cabe tudo. "Leva a vida e o futuro. Quanto maior a bolsa da mulher, mais
longe ela alcança", diz Röhrig.
O "teatro de bolsa" é alternativo
também à falta de recursos. Além
dos adereços e objetos cênicos caberem dentro de uma bolsa, o
monólogo deve ser apresentado
aonde puder, "até num metro
quadrado", diz a autora.
Em "Marlene e o Sapo", uma
atriz (Cristina Bonna) está em crise de auto-estima porque perdeu
a aura de diva. "Ela sempre representou uma estrela, no caso, Marlene Dietrich, e a decadência a coloca em conflito, a questão da representante e da representada
diante do público que começa a
cair", afirma Röhrig, 43.
O ciclo menstrual, um dos tabus
do corpo da mulher ao longo da
história da humanidade, ganha
relevo em "Via de Regra". A personagem interpretada por Rachel
Brumara viaja em um ônibus com
destino a Aparecida quando
menstrua e lida com situações cômicas, em sua maioria, que a levam a refletir sobre si. "É uma
mulher mais recatada que menstrua, como todas as outras."
"Marlene e o Sapo" já estava escrita quando o diretor Maurício
Paroni de Castro convenceu
Christine a escrever o outro monólogo, "Via de Regra", e apresentá-los no mesmo projeto ao
Instituto Goethe. "A Lena e a
Marlene foram mulheres, foram
cineastas e menstruaram", brinca
Röhrig, sobre as interseções entre
as duas personalidades.
Paroni de Castro dirige "Marlene e o Sapo", enquanto o italiano
Alvise Camozzi, com quem trabalhou em Milão, assina "Via de Regra". As duas performances duram em média 20 minutos e serão
apresentadas nos intervalos dos
filmes programados para a sala
Cinemateca, até domingo. O projeto configura o surgimento da
cia. Os Suspeitos.
(VALMIR SANTOS)
MARLENE E O SAPO/VIA DE REGRA - De: Christine Röhrig. Direção: Maurício
Paroni de Castro. Com: Cristina Bonna
("Marlene e o Sapo"). De: Christine
Röhrig. Direção: Alvise CaMozzi. Com:
Rachel Brumara ("Via de Regra"). Onde:
Sala Cinemateca (lgo. Senador Raul
Cardoso, 207, Vila Clementino, te. 5084-2318). Quando: hoje e amanhã, às
20h20; sex., às 20h30; sáb., às 19h; dom.,
às 20h15. Quanto: entrada Franca.
Patrocinadores: Instituto Goethe,
Cinemateca Brasileira e Associação
Cultural Babushka
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