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EXPOSIÇÃO
"Salva Vidas", da artista Edilaine Cunha, leva barco ao teto da sala
Obra propõe mergulho ao público
DA REPORTAGEM LOCAL
A instalação "Salva Vidas", de
Edilaine Cunha, 31, em exibição
no projeto Sítio da produtora cultural Base7, propõe ao observador um mergulho.
No teto da pequena sala pintada
de branco, o casco de um barco
(também branco) flutua sobre as
cabeças, "submergindo" o público dentro do espaço.
"A continuidade entre intervenção e espaço expositivo, e o fato de
só nos ser dado a ver o fundo do
barco, solicita que realizemos um
exercício de reconstrução do vazio, das referências excluídas,
através do qual é possível imaginar o cubo branco como se estivéssemos submersos", escreve na
apresentação a crítica de artes
Luisa Duarte.
"A obra lida com a idéia do
transporte, no sentido poético e
metafísico. É também uma analogia com a arte, que tem o poder de
levar as pessoas para outros lugares", diz a artista.
Para isso, Edilaine escolheu um
modelo que sintetiza esse símbolo. "Procurei o barco mais simples
que pode ser usado num resgate.
Reduzi os elementos até o que pode ser entendido por todo mundo", explica.
A idéia de "barco básico" de
Edilaine abre espaço para que o
público faça sua própria leitura.
"Algumas pessoas me dizem que
se sentiram afogadas, outras como um peixe ou outra forma de
vida. Imagino também que pessoas altas tenham uma sensação
de claustrofobia."
A presença do espectador e a intervenção arquitetônica são duas
variáveis recorrentes na obra de
Edilaine.
No ano passado, a artista exibiu,
na galeria Vermelho, "Vox".
Composta de um vidro sobreposto a foto de um microfone, a obra
se completava com o reflexo do
espectador, que se encaixava na
imagem.
Em exposição realizada recentemente na mesma galeria, Edilaine
pedia aos visitantes que colocassem para tocar em uma vitrola
um disco de vinil branco.
Silêncio era o que se ouvia em
todas as faixas do álbum.
Em 1999, ela montou a instalação "Túnel", no Paço das Artes,
na qual uma parede perfurada
criava a ilusão de profundidade.
Em 97, a escultura "Corredor", na
qual seis placas de vidro criavam a
sensação de profundidade, dava
indícios dessa pesquisa.
"Quando eu penso o espaço arquitetônico como matéria-prima,
imagino as paredes e o vazio como o contrário de uma escultura,
na qual você dá a forma a argila ou
um pedaço de madeira, por
exemplo. Arranco de um vazio
uma forma, que brota da arquitetura, da casca das paredes", afirma Edilaine.
"Salva Vidas" encerra a série
deste ano do projeto, que recebeu,
na sala de entrada da produtora
Base7, intervenções criadas especificamente para o espaço, comentadas por jovens críticos.
Lia Chaia, Fabiano Marques e
Cris Bierrenbach foram os outros
participantes.
(TEREZA NOVAES)
SALVA VIDAS, De Edilaine Cunha. Onde:
Base7 (r. Cônego Eugênio Leite, 639, tel.
3088-4530). Seg. a sex.: das 10h às 18h.
Até 15/12. Grátis.
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