São Paulo, sábado, 2 de janeiro de 1999

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Robin Willians explora a vida após a morte


"Amor Além da Vida", filme do diretor Vicent Ward em cartaz em SP, traz o comediante, que afirma ter a esperança de voltar a encontrar seu pai



ADRIANE GRAU
enviada especial a Los Angeles

Unanimidade entre adultos e crianças, o comediante Robin Williams parece gravitar em torno de uma fonte infindável de gargalhadas, risadas e sorrisos.
Sua passagem pelos corredores do hotel Four Seasons, em Beverly Hills (EUA), cria um burburinho constante. Sua chegada à sala de entrevistas é recebida com alegres e descontraídos comentários.
Divulgando a profunda espiritualidade da vida após a morte, que é o tema de seu mais recente filme -"Amor Além da Vida"-, o ator sabe que mesmo para falar de um assunto tão sério a comédia será sua via principal. Leia abaixo os principais trechos da entrevista.
Folha - Você acredita nas coisas que se passam no filme?
Williams -
Eu acredito em vida após a morte. É quase uma esperança que tenho. Espero ver meu pai novamente e espero que ele tenha televisão a cabo.
Folha - Foi isso que o atraiu para o projeto?
Williams -
Aceitei fazer o filme por causa da história de amor. É um amor que atravessa uma jornada extraordinária. A idéia de usar tecnologia para criar um mundo diferente por meio dos efeitos especiais também me atraiu bastante. Minha única dúvida foi ter de entrar em contato com algumas memórias negativas que o filme explora, como a perda de seus filhos. Quando se tem filhos -e eu tenho três-, você não quer passar quatro meses pensando no assunto. É devastador quando um adulto morre, mas a dor é ainda mais profunda quando morre uma criança.
Folha - Você sentiu necessidade de buscar algum conforto espiritual ou religioso durante as filmagens?
Williams -
Não. Meu trabalho acabou sendo influenciado por pessoas como Cuba Gooding Jr. e Annabela Sciorra, ambos religiosos. Cuba é muito espiritual, do tipo gospel.
Folha - O que seria o inferno para você?
Williams -
Nós criamos o nosso próprio inferno e o nosso paraíso também. Um amigo estava me contando que um dia chegou a sua casa e sua esposa estava tendo um tipo de uma crise psicótica. Ele me disse que aquilo foi o inferno, pois a mulher que ele amava era agora a mesma mulher, mas diferente. O pior é que ela entrava e saía da crise. Horripilante. As pessoas me chamam de louco, mas eu faço questão de dizer que estou apenas brincando. A loucura verdadeira é amedrontadora.
Folha - Qual a cena mais difícil do filme no sentido pessoal?
Williams -
A cena na igreja, quando os caixões das crianças estão lá.
Folha - Como você sabe se as suas piadas vão fazer rir as pessoas que assistem ao filme?
Williams -
Em "Bom Dia, Vietnã" eu sabia que estava sendo engraçado quando a câmera tremia, porque o cinegrafista estava rindo. Desde então ganhei mais autoconfiança, mas ainda uso o mesmo método.
Folha - Se numa situação hipotética você tivesse de optar entre ser um ator dramático ou comediante, qual escolheria?
Williams -
Nossa! É como "A Escolha de Sofia"! Escolheria a comédia, pois é primordial em minha vida.



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