THALES DE MENEZES
da Reportagem Local

Vincent Ward, um talentoso cineasta da Nova Zelândia, já fez obras-primas delicadas, como o épico esquisitão "Navigator - Uma Odisséia no Tempo". Mas agora que passou a ser um diretor hollywoodiano, Ward perdeu sua bússola e fez um dos filmes mais confusos dos últimos anos, "Amor Além da Vida".
O roteiro é uma sucessão de desgraças. Robin Williams e Annabela Sciorra interpretam o casal Chris e Annie Nielsen, que perde seus dois filhos adolescentes num acidente de carro.
Depois de um período de forte depressão, com tentativas de suicídio e internações em clínicas psiquiátricas, Annie começa a dar sinais de recuperação. Retoma com sucesso a sua carreira de pintora e o casal passa a ter dias mais tranquilos.
Mas a boa fase dura pouco. Chega a vez de Chris morrer em outro acidente, jogando Annie no fundo do poço.
A partir desse momento, o foco narrativo da história muda para as andanças de Chris pelo mundo espiritual.
O lugar que ele habita depois da morte é feito com as pinturas de Annie. Ele esbarra nas plantas e nas coisas e fica completamente sujo de tinta, num efeito visual até simpático, mas que o diretor usa até a exaustão.
Para ajudá-lo a entender a vida após a morte, um guia é introduzido na história, um anjo interpretado pelo ator negro Cuba Gooding Jr., que não consegue mostrar sua graça habitual com o roteiro fraco que precisa seguir.
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Filosofia barata
Todo o resto do filme -e ainda falta muito para ele terminar- é um desfile de filosofia barata, textos edificantes que infestam esses livros de bolso de auto-ajuda, tipo "Pérolas do Viver", e outras bobagens do gênero.
A jornada de Chris busca o reencontro com Annie. Ele a procura no céu, no inferno e vários outros ambientes que desafiaram os responsáveis pelos efeitos computadorizados da produção. Alguns resultados são até eficientes, outros beiram o mau gosto.
Confuso em suas imagens, perdido num roteiro que não tem nem pé nem cabeça e até desagradável em sua enxurrada de desgraças, "Amor Além da Vida" é forte candidato a maior equívoco cinematográfico do ano.
Resumindo, o filme é uma grande xaropada.
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