São Paulo, terça-feira, 02 de maio de 2006

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CRÍTICA/"TERAPIA DO AMOR"

Casal de gerações distintas é foco de filme que aborda a psicanálise

BRUNO YUTAKA SAITO
DA REPORTAGEM LOCAL

Em "Terapia do Amor", a psicanálise é motivo de risos. Não que ela seja ridicularizada, algo até possível no momento em que pílulas dos mais diversos tipos prometem soluções mais rápidas e práticas que essa ciência.
A ineficácia satirizada diz muito mais respeito às tentativas da fotógrafa quase quarentona Rafi (Uma Thurman) e de sua terapeuta, Liza (Meryl Streep), se tornarem deusas controladoras do destino.
Rafi é uma recém-divorciada de 37 anos desiludida com o amor. Em uma sessão dupla de filmes de Antonioni, conhece o ingênuo e aspirante a artista plástico David (Bryan Greenberg), 23, se apaixona e inicia um namoro. Insegura com os 14 anos que os separam, Rafi busca respostas nas suas sessões com Liza. Terá sinal verde da analista: afinal, para que se preocupar com convenções sociais se o novo namoro só lhe faz bem?
Logo, porém, Liza vai descobrir que o amante de Rafi é seu próprio filho. Na vida real, um psicólogo encerraria o tratamento logo que seus interesses pessoais se chocassem com os do paciente.
No entanto, fosse assim, não teríamos filme nem a chance para Streep exercer os melhores e mais cômicos momentos de "Terapia", como quando ela ouve uma empolgada Thurman descrevendo as maravilhas do sexo com uma pessoa mais jovem.
Liza seguirá com sua paciente, sem revelar a condição de mãe, em nome de uma fraca ética profissional e de uma tentativa de comandar o futuro de seu filho -ela é judia e não suporta a idéia de vê-lo namorando uma não-judia-, e logo veremos a distância entre seu discurso profissional e seu discurso pessoal -a lógica do "o que é bom para você não é bom para mim".
Já Rafi irá sonhar com a possibilidade de ter um filho e preencher o vazio de sua vida; enquanto para David, o futuro é uma incógnita, que tentará decifrar e definir no auge de sua paixão. Nessa jornada, esses três personagens irão finalmente olhar para dentro de si mesmos -a terapia aqui é risível, mas longe de ser fracassada.


Terapia do Amor
Prime
  

Direção: Ben Younger
Produção: EUA, 2005
Com: Uma Thurman, Meryl Streep



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