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CRÍTICA/"TERAPIA DO AMOR"
Casal de gerações distintas é foco
de filme que aborda a psicanálise
BRUNO YUTAKA SAITO
DA REPORTAGEM LOCAL
Em "Terapia do Amor", a psicanálise é motivo de risos.
Não que ela seja ridicularizada, algo até possível no momento em
que pílulas dos mais diversos tipos prometem soluções mais rápidas e práticas que essa ciência.
A ineficácia satirizada diz muito
mais respeito às tentativas da fotógrafa quase quarentona Rafi
(Uma Thurman) e de sua terapeuta, Liza (Meryl Streep), se tornarem deusas controladoras do
destino.
Rafi é uma recém-divorciada de
37 anos desiludida com o amor.
Em uma sessão dupla de filmes de
Antonioni, conhece o ingênuo e
aspirante a artista plástico David
(Bryan Greenberg), 23, se apaixona e inicia um namoro. Insegura
com os 14 anos que os separam,
Rafi busca respostas nas suas sessões com Liza. Terá sinal verde da
analista: afinal, para que se preocupar com convenções sociais se
o novo namoro só lhe faz bem?
Logo, porém, Liza vai descobrir
que o amante de Rafi é seu próprio filho. Na vida real, um psicólogo encerraria o tratamento logo
que seus interesses pessoais se
chocassem com os do paciente.
No entanto, fosse assim, não teríamos filme nem a chance para
Streep exercer os melhores e mais
cômicos momentos de "Terapia",
como quando ela ouve uma empolgada Thurman descrevendo as
maravilhas do sexo com uma pessoa mais jovem.
Liza seguirá com sua paciente,
sem revelar a condição de mãe,
em nome de uma fraca ética profissional e de uma tentativa de comandar o futuro de seu filho
-ela é judia e não suporta a idéia
de vê-lo namorando uma não-judia-, e logo veremos a distância
entre seu discurso profissional e
seu discurso pessoal -a lógica do
"o que é bom para você não é bom
para mim".
Já Rafi irá sonhar com a possibilidade de ter um filho e preencher
o vazio de sua vida; enquanto para David, o futuro é uma incógnita, que tentará decifrar e definir
no auge de sua paixão. Nessa jornada, esses três personagens irão
finalmente olhar para dentro de si
mesmos -a terapia aqui é risível,
mas longe de ser fracassada.
Terapia do Amor
Prime
Direção: Ben Younger
Produção: EUA, 2005
Com: Uma Thurman, Meryl Streep
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