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ERUDITO
"Sinfonia Turangalila" terá regência de Yoram David
Osesp visita vanguardas musicais do século 20 com Olivier Messiaen
JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL
Os adeptos das vanguardas musicais do século 20 têm encontro
marcado, de hoje a sábado, com a
Osesp (Orquestra Sinfônica do
Estado) e com uma das peças
mais exemplares de Olivier Messiaen (1908-1992).
Trata-se da "Sinfonia Turangalila", obra de 85 minutos e única
no programa, estreada em 1949 e
uma das sínteses das idéias musicais do compositor francês.
"Turangalila", em primeira execução no Brasil, terá a regência do
maestro israelense Yoram David,
nome conhecido dos freqüentadores da Sala São Paulo. Foi ele
quem regeu há dois anos concerto
com peças do italiano, também
contemporâneo, Luciano Berio.
Os solistas serão o pianista Roger Muraro, que estará em três
das dez interpretações mundiais
da sinfonia programadas para
2005, e Valérie Hartmann-Claverie, nas ondas martenot. Ambos
participam da "Turangalila" a ser
feita em agosto, na Áustria, no
Festival de Salzburgo.
As ondas martenot são um ancestral do sintetizador e de outros
instrumentos eletrônicos utilizados na música experimental, sobretudo na França e Alemanha,
na segunda metade do século passado. Foram patenteadas em 1928
pelo violoncelista e radiotelegrafista Maurice Martenot.
Mas não é apenas um exotismo
das vanguardas. É um instrumento que, ao lado do piano, dos metais e da numerosa percussão, dá
a "Turangalila" algumas pistas sobre a escrita musical de Messiaen,
como a complexidade das estruturas rítmicas, o contraste entre
andamentos rápidos e lentíssimos, a ênfase por vezes percussiva das frases musicais.
Em "Turangalila" -que em
sânscrito pode significar ação divina em rápido movimento-
Messiaen nos lega uma das dez
peças sinfônicas de seu catálogo.
É também uma música belíssima, mas não pelos temas melódicos. Ela o é por seus achados, pelos andaimes que seguram a estrutura de um edifício racional e
fabricado de sons.
Messiaen, um homem profundamente religioso, foi organista e
professor. Seu curso de harmonia
no imediato pós-Guerra no Conservatório de Paris mudou o rumo da vanguarda até então arraigada na Escola de Viena. Ele teve
como alunos Pierre Boulez, Karlheinz Stockhausen e Xenakis.
Mas há outras boas surpresas na
programação de junho da Osesp.
Na semana que vem, com récitas
também na quinta, sexta e sábado, John Neschling regerá a suíte
da ópera "Zapata", de Leonardo
Balada, e a "Sinfonia nº 4", de Prokofiev. Fábio Zanon será o solista
do "Concerto para Violão", de
Francisco Mignone.
Do dia 16 a 18, também em três
récitas, o maestro Yoav Talmi fará
duas peças sinfônicas de Rachmaninov e, com a pianista Sylvia
Thereza, o "Concerto nº 3" de Sergei Prokofiev.
Nos dias 26 e 25 o regente da orquestra será Roberto Minczuk.
No programa, a abertura de "O
Rapto do Serralho", de Mozart, o
poema sinfônico "Assim Falou
Zarathustra", de Richard
Strauss", e ainda o "Concerto nº
3" para piano e orquestra, com
Laís de Souza Brasil.
Por fim, no dia 30, com reapresentação em 1º de julho, Neschling fará "El Salon Mexico", de
Aaron Copland, "La Noche de los
Mayas", de Silvestre Revueltas, e o
"Choros nº 6", de Villa-Lobos.
Orquestra Sinfônica do Estado
Quando: qui. e sex., às 21h, e sáb., às
16h30
Onde: Sala São Paulo (pça. Júlio Prestes,
s/nº, centro, tel. 3337-5414)
Quanto: de R$ 25 a R$ 79
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