São Paulo, quinta-feira, 02 de junho de 2005

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ERUDITO

"Sinfonia Turangalila" terá regência de Yoram David

Osesp visita vanguardas musicais do século 20 com Olivier Messiaen

JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL

Os adeptos das vanguardas musicais do século 20 têm encontro marcado, de hoje a sábado, com a Osesp (Orquestra Sinfônica do Estado) e com uma das peças mais exemplares de Olivier Messiaen (1908-1992).
Trata-se da "Sinfonia Turangalila", obra de 85 minutos e única no programa, estreada em 1949 e uma das sínteses das idéias musicais do compositor francês.
"Turangalila", em primeira execução no Brasil, terá a regência do maestro israelense Yoram David, nome conhecido dos freqüentadores da Sala São Paulo. Foi ele quem regeu há dois anos concerto com peças do italiano, também contemporâneo, Luciano Berio.
Os solistas serão o pianista Roger Muraro, que estará em três das dez interpretações mundiais da sinfonia programadas para 2005, e Valérie Hartmann-Claverie, nas ondas martenot. Ambos participam da "Turangalila" a ser feita em agosto, na Áustria, no Festival de Salzburgo.
As ondas martenot são um ancestral do sintetizador e de outros instrumentos eletrônicos utilizados na música experimental, sobretudo na França e Alemanha, na segunda metade do século passado. Foram patenteadas em 1928 pelo violoncelista e radiotelegrafista Maurice Martenot.
Mas não é apenas um exotismo das vanguardas. É um instrumento que, ao lado do piano, dos metais e da numerosa percussão, dá a "Turangalila" algumas pistas sobre a escrita musical de Messiaen, como a complexidade das estruturas rítmicas, o contraste entre andamentos rápidos e lentíssimos, a ênfase por vezes percussiva das frases musicais.
Em "Turangalila" -que em sânscrito pode significar ação divina em rápido movimento- Messiaen nos lega uma das dez peças sinfônicas de seu catálogo.
É também uma música belíssima, mas não pelos temas melódicos. Ela o é por seus achados, pelos andaimes que seguram a estrutura de um edifício racional e fabricado de sons.
Messiaen, um homem profundamente religioso, foi organista e professor. Seu curso de harmonia no imediato pós-Guerra no Conservatório de Paris mudou o rumo da vanguarda até então arraigada na Escola de Viena. Ele teve como alunos Pierre Boulez, Karlheinz Stockhausen e Xenakis.
Mas há outras boas surpresas na programação de junho da Osesp. Na semana que vem, com récitas também na quinta, sexta e sábado, John Neschling regerá a suíte da ópera "Zapata", de Leonardo Balada, e a "Sinfonia nº 4", de Prokofiev. Fábio Zanon será o solista do "Concerto para Violão", de Francisco Mignone.
Do dia 16 a 18, também em três récitas, o maestro Yoav Talmi fará duas peças sinfônicas de Rachmaninov e, com a pianista Sylvia Thereza, o "Concerto nº 3" de Sergei Prokofiev.
Nos dias 26 e 25 o regente da orquestra será Roberto Minczuk. No programa, a abertura de "O Rapto do Serralho", de Mozart, o poema sinfônico "Assim Falou Zarathustra", de Richard Strauss", e ainda o "Concerto nº 3" para piano e orquestra, com Laís de Souza Brasil.
Por fim, no dia 30, com reapresentação em 1º de julho, Neschling fará "El Salon Mexico", de Aaron Copland, "La Noche de los Mayas", de Silvestre Revueltas, e o "Choros nº 6", de Villa-Lobos.


Orquestra Sinfônica do Estado
Quando:
qui. e sex., às 21h, e sáb., às 16h30
Onde: Sala São Paulo (pça. Júlio Prestes, s/nº, centro, tel. 3337-5414)
Quanto: de R$ 25 a R$ 79


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