São Paulo, quarta-feira, 03 de março de 2004

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ESPETÁCULO

Projeto "Encontros Improváveis" estréia hoje à noite, com Vanessa da Mata e Marisa Orth dividindo a cena

Palco do CCBB une parcerias inusitadas

BRUNO GHETTI
DA REDAÇÃO

Imagine que, dividindo a cena em um mesmo palco, estejam duas pessoas completamente diferentes, de áreas profissionais, idéias e hábitos distintos. Por exemplo, um pianista e um político. Enquanto o músico se arrisca a dar palpites sobre a conjuntura sócio-econômica do país, o político se aventura a dedilhar algumas notas ao piano. E do encontro improvável, surgisse, de repente, algo em comum entre pessoas aparentemente tão divergentes.
Pois o músico e ator Carlos Careqa imaginou algo assim e, baseando-se no quão interessante poderia resultar encontros desse tipo, resolveu criar um espetáculo com um nome mais que adequado. "Encontros Improváveis" é como foi batizado o projeto que Careqa, 42, idealizou e vem amadurecendo nos últimos três anos, e que estréia hoje no palco do CCBB-SP (Centro Cultural Banco do Brasil de São Paulo) com um encontro não tão improvável assim, mas, de qualquer forma, curioso.
A cantora Vanessa da Mata e a atriz Marisa Orth dividem hoje a cena no CCBB, dando o primeiro passo no projeto, que prevê ainda inusitadas reuniões entre o músico José Miguel Wisnik e o diretor teatral José Celso Martinez Corrêa em maio, entre os instrumentistas Mário Manga e Wandi Doratiotto e a ex-jogadora de basquete Magic Paula em julho, entre o pianista Nelson Ayres e a poeta Alice Ruiz em setembro e entre o compositor Jards Macalé e o repórter policial Gil Gomes em novembro deste ano.
"Na verdade, eu tinha a intenção de reunir pessoas ainda mais diferentes, para o encontro ser realmente inusitado. Mas acho que o projeto deve funcionar, principalmente pelo clima de informalidade que os espetáculos vão ter", diz Careqa.
No primeiro encontro, Vanessa da Mata deve começar no palco cantando suas composições. Depois, é a vez de Marisa Orth aparecer e cantar, com Vanessa fazendo algumas interrupções e, de resto, só vendo o espetáculo para saber no que pode resultar o encontro. No final, o público poderá interagir, tornando ainda mais imprevisível o espetáculo.
"Não conhecia pessoalmente a Vanessa, apenas o seu trabalho, de que gostava muito. Estamos ensaiadinhas para o que vamos fazer no palco, mas é um espetáculo experimental, aberto a improvisos", explica Marisa, 40.
A mato-grossense Vanessa da Mata, 28, diz querer "tudo muito livre" no palco. Ela diz ter admiração pela veia cômica de Marisa, que, de acordo com ela, é também uma "veia boa para cantar".
A inspiração do espetáculo, segundo esclarece Careqa, vem de um projeto executado em fins dos anos 70 e início dos 80, chamado "Parcerias Impossíveis", do teatro Paiol de Curitiba. Careqa nunca chegou a assistir às apresentações do Paiol. "Mas ouvia falar e a idéia me pareceu interessante", diz. "A diferença principal entre o "Encontros" e o "Parcerias" é que o espetáculo de Curitiba tinha um mediador. O nosso não tem, são só os convidados e o público."
As apresentações sempre terão um fio condutor musical e não necessariamente serão cômicas. "A tendência é que sejam engraçadas, mas podem acabar gerando discussões interessantes, com pontos de vistas diferentes sobre vários assuntos. A surpresa é um elemento essencial ao espetáculo", diz Careqa.


ENCONTROS IMPROVÁVEIS.
Onde: CCBB-SP (r. Álvares Penteado, 112, Centro, tel. 3113-3651) Quando: hoje, às 19h30. Quanto: R$ 6.


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