São Paulo, segunda-feira, 03 de abril de 2000


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Nova geração filma histórias humanas

da Redação

A partir de meados dos anos 90, uma nova geração de diretores israelenses rompeu com a cinematografia de propaganda sionista (anos 50 e 60) e de questionamento político (anos 70 e 80) que marcaram a produção durante as primeiras quatro décadas de existência de Israel.
É o que conta Shuki Friedman, produtor que trabalhou com Amos Gitai -um dos mais renomados cineastas israelenses da atualidade- em filmes como "Kadosh" e "Kipur" (ainda em processo de finalização).
"Essa geração, à qual eu pertenço, valoriza a liberdade para escrever histórias humanas, sobre pessoas, sem buscar necessariamente um enfoque político", explica, fazendo referência a diretores jovens formados nas escolas de arte de Tel Aviv e Jerusalém.
O resultado são filmes de profundidade psicológica como "Kadosh", que, na visão de Friedman, não deve ser enxergado como um documentário sobre a vida em Mea Shearim (bairro de Jerusalém habitado por judeus ultra-ortodoxos).
"O filme não se coloca contra a religião ou o sentimento de ser judeu. É ficção, uma história sobre relações em família que podem acontecer quando se é extremista na prática de qualquer religião."
O produtor destaca também que não há nada que impeça os diretores de voltar a abordar as (complicadas) relações entre Israel e seus vizinhos árabes. "Acho impossível não pertencer à realidade de onde se vive. Mas os jovens diretores querem ser autocríticos, mostrar que há heroísmo no Exército mas que as coisas também dão errado."
E muito coisa deu errado na Guerra do Iom Kipur (1973), objeto do último filme, de caráter autobiográfico de Amos Gitai.
Nele, o cineasta projeta fatos autobiográficos -ele foi ao front e acabou ferido na guerra contra a Síria- ao exibir a saga de um pelotão de resgate numa operação de salvamento. Tanques e helicópteros de verdade foram emprestados pelo Exército para as filmagens.
Friedman, que veio ao Brasil para o Festival de Cinema Israelense, dará uma palestra amanhã, às 19h, no Centro Cultural São Paulo. (MS)


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