São Paulo, sábado, 3 de outubro de 1998

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FOTOGRAFIA/CRÍTICA
Exposição de transparências não retêm olhar
Nathalie Petsiré faz metáfora do vazio


EDER CHIODETTO
Editor-adjunto de Fotografia

Quando a fixação por um conceito supera a importância do ato fotográfico não há inovação de suporte que sustente uma exposição. É o que acontece com a mostra "H - Instalação Fotográfica", da artista Nathalie Petsiré Barends, aberta esta semana no MIS (Museu da Imagem e do Som).
Após fotografar uma profusão de mãos e pés na areia e na água com uma máquina amadora, Petsiré ampliou as imagens em grandes transparências e as distribuiu pelas paredes e pelo chão do museu.
O problema central do trabalho é que as imagens não seduzem. Provavelmente porque já nasceram sob a égide de um conceito rígido, onde o racional agiu em detrimento do olhar fotográfico. Quando Petsiré tenta ampliar a magnitude dos signos resvala no óbvio, como na imagem de uma mão aberta diante de uma janela.
Talvez por isso só nos seja possível ter uma relação fugaz com essas imagens. Transparentes, elas não têm poder de sedução. Com isso, o perigo é que o nosso olhar não repouse sobre a foto, mas continue sua trajetória para além dela, até se perder num canto qualquer do museu. A transparência se transforma numa mordaz metáfora do vazio, do inócuo.
No texto de apresentação do luxuoso catálogo, a artista diz: "Gosto de imaginar o ser humano como sendo um raio de luz que se projetou na forma material com o propósito de iluminar a matéria, reencontrar a sua essência e evoluir".
Pena que mãos e pés não conduziram sua câmera para o caminho dessa imaginação.
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Exposição: H - Instalação Fotográfica Quando: até 1º de novembro, das 14h às 22h Onde: MIS (av. Europa, 158, tel. 881 4417) Quanto: entrada franca



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