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FOTOGRAFIA/CRÍTICA
Exposição de transparências não retêm olhar
Nathalie Petsiré faz metáfora do vazio
EDER CHIODETTO
Editor-adjunto de Fotografia
Quando a fixação por um
conceito supera a importância
do ato fotográfico não há inovação de suporte que sustente
uma exposição. É o que acontece com a mostra "H - Instalação
Fotográfica", da artista Nathalie Petsiré Barends, aberta esta
semana no MIS (Museu da
Imagem e do Som).
Após fotografar uma profusão de mãos e pés na areia e na
água com uma máquina amadora, Petsiré ampliou as imagens em grandes transparências e as distribuiu pelas paredes e pelo chão do museu.
O problema central do trabalho é que as imagens não seduzem. Provavelmente porque já
nasceram sob a égide de um
conceito rígido, onde o racional agiu em detrimento do
olhar fotográfico. Quando Petsiré tenta ampliar a magnitude
dos signos resvala no óbvio, como na imagem de uma mão
aberta diante de uma janela.
Talvez por isso só nos seja
possível ter uma relação fugaz
com essas imagens. Transparentes, elas não têm poder de
sedução. Com isso, o perigo é
que o nosso olhar não repouse
sobre a foto, mas continue sua
trajetória para além dela, até se
perder num canto qualquer do
museu. A transparência se
transforma numa mordaz metáfora do vazio, do inócuo.
No texto de apresentação do
luxuoso catálogo, a artista diz:
"Gosto de imaginar o ser humano como sendo um raio de
luz que se projetou na forma
material com o propósito de
iluminar a matéria, reencontrar a sua essência e evoluir".
Pena que mãos e pés não conduziram sua câmera para o caminho dessa imaginação.
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Exposição: H - Instalação Fotográfica
Quando: até 1º de novembro, das 14h
às 22h
Onde: MIS (av. Europa, 158, tel. 881
4417)
Quanto: entrada franca
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