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EXPOSIÇÃO
Los Carpinteros mostram em obras reflexão sobre estratificação social; galeria Fortes Vilaça recebe ainda Sara Ramo
Grupo cubano parodia sonhos de consumo
GUSTAVO FIORATTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Que seja apenas uma porção de
água cercada por ladrilhos. Que
represente um mero sonho burguês. A imagem de uma simples
piscina pode suscitar simbologias
diversas, tão lúdicas quanto políticas. E pelo viés irônico do grupo
cubano Los Carpinteros, ela se encerra em paródias sobre contradições sociais, representadas por
três esculturas e quatro aquarelas,
exibidas na galeria Fortes Vilaça.
As esculturas e aquarelas funcionam como maquetes e plantas,
respectivamente, reinventando a
linguagem arquitetônica por
meio de idéias bizarras. Algumas
passíveis de serem realizadas, a
exemplo de uma piscina cujas
bordas são tomadas por escadas.
"Exageramos a idéia do sonho
de consumo, e o sujeito tem de
mergulhar para poder entrar em
sua própria casa", diz Marco Castillo, que forma o grupo ao lado de
Dagoberto Rodríguez. Se, em SP,
os trabalhos satirizam a estratificação social (sendo a piscina um
ícone de riqueza), em Havana eles
são resquícios de sonhos "burgueses" -em Cuba, está proibida
a construção de piscinas. "O país
está cheio de tanques vazios.
Quando exibimos essas peças, as
pessoas colocavam as mãos e suas
cabeças na água", diz Rodríguez.
A galeria recebe ainda uma instalação de Sara Ramo, jovem artista que vive entre SP e BH. Em
"Uma e Outra Vez Lá, Mesmo que
Aqui", ela modifica o espaço com
um muro em alvenaria. A construção resulta na formação de um
ambiente lacrado, que pode ser
visto do alto de uma escada.
É uma obra de impacto, pois o
muro serve para esconder um novelo de idéias criado pela ordenação de objetos que Sara recolheu
pelas ruas (caixas de ovo, velas
etc.). Forma-se uma espécie de
jardim, refletido em um espelho,
num trabalho cuja mecânica encontra métodos lúdicos, como os
de Bispo do Rosário, e matemáticos, ainda que fantasiosos, como
num livro de Lewis Carrol.
Los Carpinteros e Sara Ramo
Onde: Fortes Vilaça (r. Fradique
Coutinho, 1.500, tel. 3032-7066)
Quando: ter. a sex., das 10h às 19h, sáb.,
das 10h às 17h
Quanto: entrada franca
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