São Paulo, quarta-feira, 04 de outubro de 2000

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MULTIMÍDIA

Yuguen, conceito que inspirou Tomie, Koellreutter e Haroldo de Campos, rege projeto que homenageia estes artistas
Fundação Japão celebra cultura do Brasil

FERNANDA CIRENZA
DA REPORTAGEM LOCAL

A Fundação Japão abre hoje a primeira fase do projeto Yuguen, série de eventos que deve acontecer até o final de 2001, com o intuito de homenagear três grandes nomes da cultura brasileira: Haroldo de Campos, Hans-Joachim Koellreutter e Tomie Ohtake.
A programação do evento prevê seminários, exposições e lançamentos de livros, atividades que devem reunir, além dos homenageados, outros artistas e pesquisadores interdisciplinares.
Os ideogramas que compõem a palavra yuguen (yu e guen) significam, respectivamente, mistério e obscuridade, mas, para Tomie, Campos e Koellreutter, a palavra tem sentidos diversos.
Para o poeta e tradutor Haroldo de Campos, yuguen "pode ser traduzido como charme sutil".
A palavra bateu tão forte no poeta que ele lançou, em 1998, o livro "Yu-gen" com nove poemas ilustrados pela artista plástica Tomie, que nasceu em Kyoto.
"Escrevi "Yu-gen" depois de uma viagem ao Japão, em 1994. Vou ler os poemas no seminário de que vou participar", antecipou.
O compositor e musicólogo Koellreutter, ao explicar sua peça "Yugen" -que será tocada hoje, pela primeira vez no Brasil, por meio de uma gravação-, escreve que a palavra "é expressão sem expressão, uma oração íntima".
Já para Tomie, yuguen "é uma coisa muito profunda e sem fim, como o universo".

As atividades
Jo Takahashi, diretor de projetos culturais, disse que o objetivo é levantar contribuições de artistas e pesquisadores em torno dos homenageados e da palavra.
A partir das 18h de hoje, Christine Greiner, professora doutora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, lança o livro "O Teatro Nô e o Ocidente" (editora Annablume, R$ 15).
Às 19h serão abertas duas exposições: a de Rachel Zuanon (artista gráfica e cenógrafa), em torno do tema "Nô" (teatro japonês, cuja característica é a contenção de gestos), e a instalação fotográfica "Impressões de um Japão Incomum", de Maureen Bisilliat .
Para as 20h, está programado o seminário "Yuguen", com Campos, Koellreutter e Darci Kusano (pesquisadora livre-docente das artes cênicas tradicionais e modernas do Japão na USP).
No dia 25, encerra-se esta fase, com o lançamento do livro "Instantâneos de um Japão Incomum", de Bisilliat (Instituto Takano de Projetos, sem preço definido) e o seminário "Ma" (conceito estético que significa espaço vazio). Além de Bisilliat, participam Anja Pratsche (pesquisadora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo de São Carlos-USP) e Coen Murayama (monja, presidente do templo Busshinji).

O quê: projeto Yuguen
Quando: de seg. a sex., das 12h às 18h (exposições). Até 25/10
Onde: Fundação Japão (av. Paulista, 37, 1º andar, tel. 3141-0843)
Quanto: entrada franca



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