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ÓPERA/CRÍTICA
"Otello' 98 é melhor que o 97
especial para a Folha
A versão 98 da ópera "Otello"
em cartaz no Teatro Municipal
está bem melhor que a 97. O
Iago de Renato Bruson era a
única justificativa da ópera no
ano passado.
A presença do experimentado barítono italiano Bruson
galvanizava a montagem, em
meio a deficiências cênicas e
musicais. Desta vez, não há um
astro da magnitude de Bruson.
Mas o resultado final está muito mais equilibrado.
Na estréia, no domingo, a
Orquestra Sinfônica Municipal
surpreendeu, mostrando-se
bem mais segura, afinada e
precisa nos ritmos. Pouco encobriu os cantores, e os tempos
do maestro Isaac Karabtchevsky, arrastados em 97, foram desta vez mais rápidos,
dando fluência à música.
O diretor Iacov Hilel procurou fazer uma faxina na cenografia importada do Teatro
Colón de Buenos Aires.
Poderia ter sido imaginativo
no uso da luz e pecou ao transformar a movimentação do coro no primeiro ato em algo semelhante ao musical "Hair".
Mas, no geral, conferiu ao espetáculo um ritmo mais ágil,
limpando o palco dos excessos
barrocos e antiquados da cenografia de Robert Oswald.
Entre os cantores, Dmitra
Theodossiou voltou a ser uma
Desdêmoda refinada, com
timbre bonito e longos "filati"
(agudos em pianíssimo).
O romeno Eduard Tumagian
está longe de ser um Bruson
-tem problemas de volume e
tendência a abusar do portamento. Mas caracterizou um
Iago sólido e convincente.
O russo Vladimir Bogachov,
encarregado do papel-título,
está infinitamente superior a
Dristjan Johannsson, que cantou no primeiro elenco de 97.
Bogachov passou tanto no
teste de resistência, quanto no
de precisão. Sua grande voz,
infalivelmente afinada, fez-se
ouvir ao longo de toda a ópera,
com timbre claro, vibrato parcimonioso e dicção excelente.
Seus pecados: falta de elegância nos diminuendos, pianíssimos e efeitos "mezza voce". Só
o que irritou foram os tilintares de telefones celulares e pagers ouvidos na platéia, nos
dois primeiros atos.
(IFP)
Ópera: "Otello", de Verdi
Quando: hoje, às 20h30; sáb., às 17h
Onde: Teatro Municipal (pça. Ramos
de Azevedo, s/nş, tel. 222-8698)
Quanto: de R$ 10 a R$ 50
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