São Paulo, quinta, 5 de março de 1998

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ÓPERA/CRÍTICA
"Otello' 98 é melhor que o 97

especial para a Folha

A versão 98 da ópera "Otello" em cartaz no Teatro Municipal está bem melhor que a 97. O Iago de Renato Bruson era a única justificativa da ópera no ano passado.
A presença do experimentado barítono italiano Bruson galvanizava a montagem, em meio a deficiências cênicas e musicais. Desta vez, não há um astro da magnitude de Bruson. Mas o resultado final está muito mais equilibrado.
Na estréia, no domingo, a Orquestra Sinfônica Municipal surpreendeu, mostrando-se bem mais segura, afinada e precisa nos ritmos. Pouco encobriu os cantores, e os tempos do maestro Isaac Karabtchevsky, arrastados em 97, foram desta vez mais rápidos, dando fluência à música.
O diretor Iacov Hilel procurou fazer uma faxina na cenografia importada do Teatro Colón de Buenos Aires.
Poderia ter sido imaginativo no uso da luz e pecou ao transformar a movimentação do coro no primeiro ato em algo semelhante ao musical "Hair".
Mas, no geral, conferiu ao espetáculo um ritmo mais ágil, limpando o palco dos excessos barrocos e antiquados da cenografia de Robert Oswald.
Entre os cantores, Dmitra Theodossiou voltou a ser uma Desdêmoda refinada, com timbre bonito e longos "filati" (agudos em pianíssimo).
O romeno Eduard Tumagian está longe de ser um Bruson -tem problemas de volume e tendência a abusar do portamento. Mas caracterizou um Iago sólido e convincente.
O russo Vladimir Bogachov, encarregado do papel-título, está infinitamente superior a Dristjan Johannsson, que cantou no primeiro elenco de 97.
Bogachov passou tanto no teste de resistência, quanto no de precisão. Sua grande voz, infalivelmente afinada, fez-se ouvir ao longo de toda a ópera, com timbre claro, vibrato parcimonioso e dicção excelente.
Seus pecados: falta de elegância nos diminuendos, pianíssimos e efeitos "mezza voce". Só o que irritou foram os tilintares de telefones celulares e pagers ouvidos na platéia, nos dois primeiros atos. (IFP)

Ópera: "Otello", de Verdi Quando: hoje, às 20h30; sáb., às 17h Onde: Teatro Municipal (pça. Ramos de Azevedo, s/nş, tel. 222-8698) Quanto: de R$ 10 a R$ 50



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