free-lance para a Folha

Desde terça, os grandes ícones do cinema mundial vêm tendo espaço na Sala Cinemateca Folha com obras que representam suas fases mais conhecidas. A única exceção da mostra "Grandes Diretores", que vai até domingo, é o "Ladrões de Bicicleta", de De Sica.
Filme mais famoso do neo-realismo italiano, "Ladrões..." (1948) pontuou um cinema distinto do "realismo cru" de Roberto Rosselini. A obra conta a história do pai e seu filho e os frágeis e indefinidos papéis que cada um representa numa Itália em ruínas.
"Cobra Verde" (1987), de Werner Herzog, não é um filme do porte de "Aguirre", mas mantém a tradição do diretor alemão em retratar homens que caem em desgraça em meio à barbárie pré-civilizatória.
O britânico Joseph Losey, diretor do clássico "O Criado", está representado com "O Assassinato de Trotsky" (1972), competente trabalho enriquecido "plasticamente" com Richard Burton, Alain Delon e Romy Schneider.
Verdadeiro "teatro da agressão", "Saló - 120 Dias de Sodoma" é a metáfora do polêmico Pier Paolo Pasolini ao terror fascista. Ele entrelaça a era Mussolini com a repressão aos movimentos de esquerda da Itália dos anos 70.
"Ave Maria" (ou "Je Vous Salue Marie", 1983) não é o Jean-Luc Godard de "Pierrot Le Fou" (1964) e "Week-End" (1968), mas é o cinema de resistência que o diretor francês faz como contraponto ao cinema comercial. Contando a história de uma mulher que engravida e permanece virgem, Godard discute a condição feminina e a própria criação, inacessível ao ser humano.
O grande Michelangelo Antonioni aparece com "O Grito" (1957), filme que anuncia a discussão sobre a incomunicabilidade e a solidão, que foi ampliada, mais tarde, nas obras-primas "O Eclipse" e "A Aventura".
Com filmes "atípicos" dos grandes diretores, a Cinemateca redefine o olhar do espectador sobre filmografias célebres, das quais muitas obras são postas de lado pelos momentos -raros, aliás- em que a técnica encontra a arte. (PSL)



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