São Paulo, sábado, 05 de julho de 2008

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"Balão Vermelho" é reportagem sobre a infância, diz ator

Filho do diretor, Pascal Lamorisse afirma que seu pai, Albert, fazia "filmes para crianças sem efeitos especiais'

Ao lado do também média-metragem "O Cavalo Branco" (53), produção premiada em Cannes reestréia em sessão dupla

CÁSSIO STARLING CARLOS
CRÍTICO DA FOLHA

"Subir aos céus pendurado em balões, como fez o padre brasileiro que desapareceu há algum tempo, pode ser muito perigoso. É melhor embarcar nas fábulas apenas com o coração." É a opinião sensata de Pascal, filho de Albert Lamorisse (1922-1970), diretor de "O Balão Vermelho".
No filme, em cartaz desde ontem em SP, Pascal representa um garoto que estabelece uma relação de companheirismo com um balão, que passa a acompanhá-lo em aventuras cotidianas pelas ruas de Paris.
Das filmagens, feitas em 1956, quando tinha seis anos, Pascal, hoje com 58, narrou suas lembranças à Folha, de Paris, por telefone. "Eu tinha um papel que não exigia muito esforço. Meu pai pedia para eu agir naturalmente e não pensar que estava fazendo cinema. Era uma espécie de reportagem sobre a infância. Acredito que meu pai se inspirava no momento da infância que eu vivia naquele naquela época."
Pascal já havia participado, com uma curta aparição, de "O Cavalo Branco", fábula realizada por Albert Lamorisse três anos antes e que complementa o programa em cartaz. "Neste caso, como eu era muito pequeno, lembro-me apenas dos cheiros, dos lugares e um pouco da atmosfera e das relações com os animais."
Sobre o tipo de filme feito pelo pai, Pascal Lamorisse esclarece que "a diferença é que meu pai fazia cinema para crianças sem recorrer a efeitos especiais". "Ele apenas introduzia o imaginário por meio de posições de câmera. Seu interesse era pela vida em sua lógica natural. No fundo, as histórias desses garotos com cavalos e balões são histórias de amor, sobre sentimentos comuns, elas não precisavam de efeitos especiais. Acho que o segredo do seu cinema está em saber falar com inteligência para crianças. Suas histórias se mantêm vivas e são cada vez mais importantes num mundo em que predomina o cada um por si."
Depois de dar seu aval ao roteiro de "Le Voyage du Ballon Rouge", filme dirigido pelo chinês Hou Hsiao-hsien, em Paris, no ano passado, Pascal Lamorisse tem dois novos projetos.
"Estou trabalhando numa continuação de "O Balão Vermelho", levantando meios e buscando fórmulas para adaptar a história ao universo de hoje sem deixar de lado a poesia. Mas não sei se eu mesmo dirigirei. Também considero a possibilidade de uma versão do filme em 3-D para exibir em cinemas IMax."


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