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"Balão Vermelho" é reportagem sobre a infância, diz ator
Filho do diretor, Pascal Lamorisse afirma que seu pai, Albert, fazia "filmes para crianças sem efeitos especiais'
Ao lado do também média-metragem "O Cavalo Branco" (53), produção premiada em Cannes reestréia em sessão dupla
CÁSSIO STARLING CARLOS
CRÍTICO DA FOLHA
"Subir aos céus pendurado
em balões, como fez o padre
brasileiro que desapareceu há
algum tempo, pode ser muito
perigoso. É melhor embarcar
nas fábulas apenas com o coração." É a opinião sensata de
Pascal, filho de Albert Lamorisse (1922-1970), diretor de "O
Balão Vermelho".
No filme, em cartaz desde
ontem em SP, Pascal representa um garoto que estabelece
uma relação de companheirismo com um balão, que passa a
acompanhá-lo em aventuras
cotidianas pelas ruas de Paris.
Das filmagens, feitas em
1956, quando tinha seis anos,
Pascal, hoje com 58, narrou
suas lembranças à Folha, de
Paris, por telefone. "Eu tinha
um papel que não exigia muito
esforço. Meu pai pedia para eu
agir naturalmente e não pensar
que estava fazendo cinema. Era
uma espécie de reportagem sobre a infância. Acredito que
meu pai se inspirava no momento da infância que eu vivia
naquele naquela época."
Pascal já havia participado,
com uma curta aparição, de "O
Cavalo Branco", fábula realizada por Albert Lamorisse três
anos antes e que complementa
o programa em cartaz. "Neste
caso, como eu era muito pequeno, lembro-me apenas dos
cheiros, dos lugares e um pouco da atmosfera e das relações
com os animais."
Sobre o tipo de filme feito pelo pai, Pascal Lamorisse esclarece que "a diferença é que
meu pai fazia cinema para
crianças sem recorrer a efeitos
especiais". "Ele apenas introduzia o imaginário por meio de
posições de câmera. Seu interesse era pela vida em sua lógica natural. No fundo, as histórias desses garotos com cavalos
e balões são histórias de amor,
sobre sentimentos comuns,
elas não precisavam de efeitos
especiais. Acho que o segredo
do seu cinema está em saber falar com inteligência para crianças. Suas histórias se mantêm
vivas e são cada vez mais importantes num mundo em que
predomina o cada um por si."
Depois de dar seu aval ao roteiro de "Le Voyage du Ballon
Rouge", filme dirigido pelo chinês Hou Hsiao-hsien, em Paris,
no ano passado, Pascal Lamorisse tem dois novos projetos.
"Estou trabalhando numa
continuação de "O Balão Vermelho", levantando meios e
buscando fórmulas para adaptar a história ao universo de
hoje sem deixar de lado a poesia. Mas não sei se eu mesmo
dirigirei. Também considero a
possibilidade de uma versão do
filme em 3-D para exibir em cinemas IMax."
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