São Paulo, sábado, 05 de setembro de 2009

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Crítica/cinema/"A Órfã"

Direção frouxa perde boa história

Terror "A Órfã" conta história de menina que vive num orfanato e é acolhida por família traumatizada pela morte da filha

Divulgação
Isabelle Fuhrman (à frente) é Esther

CÁSSIO STARLING CARLOS
CRÍTICO DA FOLHA

A presença de crianças como recurso de medo em filmes de terror costuma ser infalível. Amedrontadas ou amedrontadoras, a eficácia do efeito depende da manipulação e, antes de tudo, do modo como nos identificamos ou nos sentimos ameaçados quando as pequenas criaturas deixam de parecer inofensivas.
"A Órfã" busca o efeito com a história de Esther, uma menina de nove anos que vive num orfanato e é acolhida por uma família que tenta se refazer do trauma da morte de uma filha.
Mesmo com um casal de crianças em casa, os pacatos Kate e John acreditam poder se recuperar da perda com uma adoção.
O filme explora com habilidade o tema da inversão da inocência em perversão e manipula o medo básico que desperta a chegada de um estranho. Traumas adormecidos voltam à tona e têm de ser enfrentados diretamente, em situações de vida ou morte.
Aqui, Esther não é apenas uma filha adotiva. Também nasceu num lugar "estranho" -na Rússia-, vive no orfanato desde que sobreviveu a um incêndio em que toda a família foi dizimada e traz consigo um catálogo de medos simbólicos: do imigrante, da sexualidade, do aborto. Ou seja, comporta todos os horrores deste mundo para um espectador norte-americano.
Esses significados, porém, são apenas colados do roteiro pelo diretor espanhol Jaume Collet-Serra, que neste terceiro trabalho retoma o gênero depois de ter estreado com o esquecível "Casa de Cera".
Apesar de ter nas mãos um material inquietante e a expressiva atriz mirim Isabelle Fuhrman (olho nela!) disposta a tudo, a direção frouxa perde todo o tempo insistindo em nos assustar apenas com buuuus!


Avaliação: regular



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