São Paulo, sábado, 05 de setembro de 2009

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Crítica/ "Gesto Obsceno"

Filme questiona rixas internas de israelenses

RICARDO CALIL
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A julgar pela pequena parcela de sua produção que chega ao Brasil, os filmes israelenses quase sempre definem seu país a partir do encontro -ou, com mais frequência, do choque- com o Outro. Grosso modo, trata-se de um cinema baseado na ideia da diferença -cultural, religiosa, étnica- em relação aos vizinhos árabes.
Nesse cenário, "Gesto Obsceno" surge como uma saudável exceção. Em seu segundo longa, Tzahi Grad parece imbuído do desejo de afirmar que certas questões são problemas internos dos israelenses, que vão além das disputas com palestinos. Existem, por exemplo, os problemas cotidianos.
Michael (Gal Zaid) tem um monte deles. Está desempregado e em crise no casamento. Some-se a isso um incidente no trânsito em que sua mulher faz um gesto obsceno para um motorista, e este arranca a porta do carro do casal. Michael vai à polícia e descobre que o agressor é o famoso Dreyfus (Asher Tzarfati), um antigo herói de guerra que virou um gângster. E Michael decide enfrentá-lo.
Seria uma história clássica de um indivíduo lutando contra um sistema corrupto se em dado momento Michael não se tornasse uma espécie de Rambo israelense. Aí fica claro que se trata também de uma alegoria sobre a situação política do país, na qual Dreyfus representaria a extrema direita, que resolve problemas com violência.
Na linguagem, "Gesto Obsceno" é um filme trivial, sem grandes preocupações além de contar sua história corretamente. No discurso, porém, o diretor mostra bastante coragem ao propor, mesmo que de maneira subliminar, que o cidadão comum se preocupe primeiro com a minoria bélica de Israel do que com os árabes.


Avaliação: regular



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