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Crítica/ "Gesto Obsceno"
Filme questiona rixas internas de israelenses
RICARDO CALIL
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A julgar pela pequena
parcela de sua produção que chega ao Brasil,
os filmes israelenses quase
sempre definem seu país a partir do encontro -ou, com mais
frequência, do choque- com o
Outro. Grosso modo, trata-se
de um cinema baseado na ideia
da diferença -cultural, religiosa, étnica- em relação aos vizinhos árabes.
Nesse cenário, "Gesto Obsceno" surge como uma saudável
exceção. Em seu segundo longa, Tzahi Grad parece imbuído
do desejo de afirmar que certas
questões são problemas internos dos israelenses, que vão
além das disputas com palestinos. Existem, por exemplo, os
problemas cotidianos.
Michael (Gal Zaid) tem um
monte deles. Está desempregado e em crise no casamento. Some-se a isso um incidente no
trânsito em que sua mulher faz
um gesto obsceno para um motorista, e este arranca a porta
do carro do casal. Michael vai à
polícia e descobre que o agressor é o famoso Dreyfus (Asher
Tzarfati), um antigo herói de
guerra que virou um gângster.
E Michael decide enfrentá-lo.
Seria uma história clássica de
um indivíduo lutando contra
um sistema corrupto se em dado momento Michael não se
tornasse uma espécie de Rambo israelense. Aí fica claro que
se trata também de uma alegoria sobre a situação política do
país, na qual Dreyfus representaria a extrema direita, que resolve problemas com violência.
Na linguagem, "Gesto Obsceno" é um filme trivial, sem
grandes preocupações além de
contar sua história corretamente. No discurso, porém, o
diretor mostra bastante coragem ao propor, mesmo que de
maneira subliminar, que o cidadão comum se preocupe primeiro com a minoria bélica de
Israel do que com os árabes.
Avaliação: regular
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