São Paulo, Terça-feira, 05 de Outubro de 1999
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ARTES PLÁSTICAS
Quatro artistas de Buenos Aires abrem mostra hoje na Luisa Strina
Argentinos buscam novos espaços

da Reportagem Local

Artista argentino expondo no Brasil dá samba? As possibilidades são remotas. Primeiro porque a produção contemporânea brasileira é reconhecidamente superior à do vizinho latino-americano. Segundo porque não será justamente nas artes plásticas, em que os egos são superlativos, que os dois países se entenderão.
Pablo Siquier, Graciela Hasper, Fábio Kacero e Marcelo Pombo, os quatro argentinos que expõem a partir de hoje na galeria Luisa Strina, levam porém uma vantagem nesse desfavorável terreno.
Os quatro possuem uma produção cosmopolita, que pode ser vista longe dos possíveis vínculos com a tradição argentina.
Fábio Kacero, por exemplo, que esteve na primeira Bienal do Mercosul, apresenta quatro de seus "acolchoados", telas-objetos criadas sobre uma base de madeira, isopor e espuma nas quais fixa imagens adesivas criadas por computador (pequenos símbolos gráficos que remetem a várias linguagens, como informática, geometria e alfabetos virtuais).
Embora a forma circular dos trabalhos expostos remeta aos tondos renascentistas, suas referências maiores são a informática e o design de móveis e de objetos, algo que lhes dá um certo hibridismo, como se pertencessem a um tempo indefinido.
Volume e espaço são também as questões de Graciela Hasper, que cria telas com rigor geométrico e matemático. "Há números que são bons e outros não", justifica a artista.
Com a repetição constante de elementos, como círculos, quadrados e elipses, Hasper cria imagens que passeiam entre o figurativo e o abstrato e que discutem questões como volume e espaço.
Pablo Siquier também é pintor, e preocupado com a representação do espaço. Suas imagens, algumas criadas em computador, remetem ao desenho gráfico e industrial. São como tramas geométricas que podem ser vistas como arquiteturas virtuais sem uso.
Marcelo Pombo optou por criar uma instalação com cópias de desenhos emoldurados em isopor. Pombo, que morou em São Paulo no início dos anos 80, possui um traço mais figurativo, com teor erótico forte e ambíguo e bastante humor.
A mostra é curada pelo também argentino Carlos Basualdo, que com seu prestígio internacional empenha-se em promover a arte argentina fora de seu país.


Mostra: Branco e Preto (trabalhos de Fábio Kacero, Graciela Hasper, Marcelo Pombo e Pablo Siquier)
Onde: galeria Luisa Strina (r. Padre João Manuel, 974A, tel. 280-2471, Jardins)
Vernissage: hoje, às 19h
Quando: de segunda a sexta, das 10h às 20h; sábado, das 10h às 14h
Quanto: de US$ 100 a US$ 8.000




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