RENATO KRAMER
especial para a Folha

Quem a visse nos palcos dos anos 70, envergando um poncho de cores sóbrias, com seus longos cabelos negros e seus olhos amendoados, cantando com muita naturalidade em língua espanhola, poderia jurar que a cantora Miriam Mirah (então solista do Grupo Tarancón) era de origem latino-americana. Ledo engano. Sua família é uma mescla de japonês com português e alemão.
Miriam sempre teve preferência pelas canções em língua espanhola. "Não sei porquê!", diz.Talvez porque seu pai trazia para casa muitos discos de Nat King Cole (em espanhol), Célia Cruz, Ima Sumak e Tito Puente. "Quando os ouvia na vitrola sentia que tinha nascido pra fazer aquilo!", afirma.
Incentivada pelo compositor Dércio Marques ("A memória ambulante da música popular brasileira"), Miriam entrou para o Tarancón, grupo que durante três anos fez muito sucesso no circuito universitário.
O estouro da banda aconteceu em 1975, com o show "Gracias a la Vida". "Não esperávamos... De repente o Tuca estava lotado, com 1.500 pessoas, e tinha até cambistas na porta!!! Mesmo assim só larguei a faculdade quando assinei o contrato do primeiro disco, em 1976", conta Miriam.
Nove anos junto ao Grupo Tarancón trouxeram muitas realizações para Miriam Mirah, mas também a necessidade de descobrir novos caminhos.
Partiu para a carreira solo adotando o estilo "caipira urbano", como os compositores Paçoca e Almir Sater ("Para botar um pézinho no Brasil").
Agora, mais madura pessoal e profissionalmente, Miriam Mirah está voltando às raízes. O repertório de seu novo show, que deverá se tornar um CD gravado ao vivo, traz "o que de mais bonito havia na música latina: o espírito de solidariedade!".
Clássicos como "Gracias a la Vida" e "Volvier a los 17" e canções inéditas como "Poema Caliente" e "Forró Cigano" vão estar presentes. Mas "Te Recuerdo Amanda", música gravada com o Tarancón, é, na opinião da cantora, o melhor exemplo de união entre beleza e espírito solidário. "Para mim, vai ser o momento mais bonito!", diz.
Para fãs da diva, um prato cheio. Para os outros, a oportunidade de ouvir uma grande cantora.