São Paulo, Domingo, 05 de Dezembro de 1999


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MÚSICA

Bandolinista que tocou com Altamiro Carrilho aos 13 anos é atração de hoje no parque Ibirapuera

Aleh Ferreira renova choro paulista

Daniel Guimarães/Folha Imagem
O bandolinista Aleh Ferreira, que faz show acompanhado por seu regional e quarteto de cordas


VALMIR SANTOS
free-lance para a Folha



Tido como um dos novos talentos da música instrumental brasileira, o bandolinista Aleh Ferreira, 33, participa hoje do projeto "São Paulo Passo & Compasso", no parque Ibirapuera.
O choro é a praia deste paulista que, quando criança, teve como "companheiro", o maestro Caçulinha. Aos 13 anos, Aleh já tocava no conjunto que acompanhava o flautista Altamiro Carrilho, um dos responsáveis pela revitalização do gênero nos anos 70.
Gênero, aliás, de berço carioca e cada vez mais entranhado no asfalto paulista, onde passa por uma renovação.
E mesmo devotando seu conhecimento autodidata à convivência com os "mestres" (nunca estudou música), sua equação artística é inovar com causa e parcimônia.
Desde 93, quando lançou o primeiro disco ("Sonhos", pela Alpha Music), ele se destaca pela simbiose entre um instrumento eminentemente popular, o bandolim, e a erudição, por assim dizer, do regional (como é designada a trinca dos chorões, violão-pandeiro-cavaquinho) e do quarteto de cordas (primeiro e segundo violinos, viola e violoncelo). As formações o acompanham no palco e no estúdio.
O segundo e mais recente CD, "Sonhos e Emoções" (95, Alegretto), sintetizou melhor o estilo do instrumentista. Numa das faixas, por exemplo, executa a "5ª Sinfonia", de Beethoven. Mas a erudição não é "efeitismo", garante. O bandolinista vislumbra no clássico uma perspectiva popular. "Não acredito que seja preciso ter formação para fazer música. Composição não se ensina", diz.
Não raras vezes, ele se vê acordando de madrugada com uma nova melodia na cabeça. Súbito, corre para colocá-la no papel.
"Quando sento para encontrá-la, em outro momento do dia, dificilmente ela vem", conta.
A sina musical lhe acompanha desde cedo. Aos 6 anos, quando ganhou do pai o seu primeiro cavaquinho, já conhecia o violão ("era maior do que eu").
Mas Aleh Ferreira não se contentou com o primeiro instrumento que ganhou de "seu" Renério. O garoto pediu um instrumento mais refinado. O pai pensou em violino, mas ele tinha encanto pela palheta. Desde então não largou mais o bandolim.
No show desta manhã Ferreira vai tocar três músicas de Jacob do Bandolim (1918-1969), a quem é dedicado o concerto.
Ele será acompanhado por Zé Barbeiro (violão), Luizinho (cavaquinho), Tigrão (pandeiro), Nunes (primeiro violino), Madoka (segundo), Gilberto (viola) e Júlio Ortiz (violoncelo).
"Na minha opinião o choro é o pai do jazz, da bossa. Ele surgiu antes de tudo", exagera o bandolinista, com a cota de entusiasmo que lhe é de direito.



Show: Aleh Ferreira, regional e quarteto de cordas
Quando: hoje, às11h
Onde: parque Ibirapuera (av. Pedro Álvares Cabral, s/nº)
Quanto: entrada franca







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