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MÚSICA
Bandolinista que tocou com Altamiro Carrilho aos 13 anos é atração de hoje no parque Ibirapuera
Aleh Ferreira renova choro paulista
Daniel Guimarães/Folha Imagem
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O bandolinista Aleh Ferreira, que faz show acompanhado por seu regional e quarteto de cordas |
VALMIR SANTOS
free-lance para a Folha
Tido como um dos novos talentos da música instrumental brasileira, o bandolinista Aleh Ferreira,
33, participa hoje do projeto "São
Paulo Passo & Compasso", no
parque Ibirapuera.
O choro é a praia deste paulista
que, quando criança, teve como
"companheiro", o maestro Caçulinha. Aos 13 anos, Aleh já tocava
no conjunto que acompanhava o
flautista Altamiro Carrilho, um
dos responsáveis pela revitalização do gênero nos anos 70.
Gênero, aliás, de berço carioca e
cada vez mais entranhado no asfalto paulista, onde passa por uma
renovação.
E mesmo devotando seu conhecimento autodidata à convivência
com os "mestres" (nunca estudou
música), sua equação artística é
inovar com causa e parcimônia.
Desde 93, quando lançou o primeiro disco ("Sonhos", pela Alpha Music), ele se destaca pela
simbiose entre um instrumento
eminentemente popular, o bandolim, e a erudição, por assim dizer, do regional (como é designada a trinca dos chorões, violão-pandeiro-cavaquinho) e do quarteto de cordas (primeiro e segundo violinos, viola e violoncelo). As
formações o acompanham no
palco e no estúdio.
O segundo e mais recente CD,
"Sonhos e Emoções" (95, Alegretto), sintetizou melhor o estilo do
instrumentista. Numa das faixas,
por exemplo, executa a "5ª Sinfonia", de Beethoven. Mas a erudição não é "efeitismo", garante. O
bandolinista vislumbra no clássico uma perspectiva popular.
"Não acredito que seja preciso ter
formação para fazer música.
Composição não se ensina", diz.
Não raras vezes, ele se vê acordando de madrugada com uma
nova melodia na cabeça. Súbito,
corre para colocá-la no papel.
"Quando sento para encontrá-la, em outro momento do dia, dificilmente ela vem", conta.
A sina musical lhe acompanha
desde cedo. Aos 6 anos, quando
ganhou do pai o seu primeiro cavaquinho, já conhecia o violão
("era maior do que eu").
Mas Aleh Ferreira não se contentou com o primeiro instrumento que ganhou de "seu" Renério. O garoto pediu um instrumento mais refinado. O pai pensou em violino, mas ele tinha encanto pela palheta. Desde então
não largou mais o bandolim.
No show desta manhã Ferreira
vai tocar três músicas de Jacob do
Bandolim (1918-1969), a quem é
dedicado o concerto.
Ele será acompanhado por Zé
Barbeiro (violão), Luizinho (cavaquinho), Tigrão (pandeiro), Nunes (primeiro violino), Madoka
(segundo), Gilberto (viola) e Júlio
Ortiz (violoncelo).
"Na minha opinião o choro é o
pai do jazz, da bossa. Ele surgiu
antes de tudo", exagera o bandolinista, com a cota de entusiasmo
que lhe é de direito.
Show: Aleh Ferreira, regional e quarteto
de cordas
Quando: hoje, às11h
Onde: parque Ibirapuera (av. Pedro
Álvares Cabral, s/nº)
Quanto: entrada franca
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