São Paulo, quinta-feira, 06 de junho de 2002

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SHOW

"Esgotado e sozinho" depois de dirigir seu primeiro longa, músico argentino faz show novo de canções antigas

Fito Paez usa o palco para sair da solidão

Reuters
O músico Fito Paez, que começa hoje em SP turnê pelo país; repertório inclui canções de Jobim


DA REPORTAGEM LOCAL

O cinema fez Fito Paez se sentir só. E o músico argentino retornou aos palcos -com show novo de músicas antigas- para afastar a melancolia.
No Brasil, ele pretende encontrar a companhia das platéias de São Paulo (hoje), Porto Alegre, Rio e Brasília. A turnê começou na Argentina com apenas dez shows agendados, depois da conclusão, em agosto de 2001, em Madri, de "Vidas Privadas", primeiro longa dirigido por Paez.
"Eu estava esgotado e me sentindo sozinho. A Argentina começava a passar por um momento muito difícil. Tive vontade de voltar a tocar e de ver de perto o que acontecia no país", diz.
Com Guillermo Vadalá (baixo), Gonzalo Alloras (violões e teclado), Sergio Verdinelli (bateria) e Javier Lozano (teclados), Paez elencou um set de "mais de cem músicas, já que não havia disco para divulgar, não se tratava de uma turnê de lançamento".
"Assim, nunca um show é igual ao outro", diz. As apresentações no Brasil terão pelo menos uma quadra de composições jobinianas -"Chega de Saudade", "Águas de Março", "Eu Te Amo" e "Estrada Branca".
Pode-se esperar também bastante do repertório de "Rey Sol", último lançamento de Paez, ocorrido há dois anos. Disco novo é projeto para o segundo semestre.

Senso
Recuperado da solidão, Paez avalia hoje que música e cinema não são experiências tão distintas. "Eles se diferenciam na forma, mas, no fundo, os temas abordados são os mesmos. E ambos são uma longa soma de detalhes demarcada por um relato. É preciso cuidar das duas coisas. Na música, você tem de ter um senso de equilíbrio musical, de harmonia e saber quebrá-lo no momento certo, além de ter muito humor e paciência. No cinema também é assim. Formalmente, os atores são os músicos, o diretor de fotografia é o arranjador, o montador é quem edita o disco e, no meu caso, o músico é o diretor."
O filme "Vidas Privadas" foi realizado em resposta a uma dúvida de Paez: "Como pode um país viver com 30 mil mortos [pela ditadura", sem enterrá-los?".
Protagonizado por Cecilia Roth, mulher do músico, o longa retrata a volta de uma exilada ao país depois de 20 anos de ausência e seu envolvimento amoroso com um jovem que é seu filho, fato que ambos desconhecem.
O título será exibido este mês em São Paulo e no Rio, durante o festival Cinesul.
Na Argentina, foi deplorado pela crítica. "Esperava isso dos jornais, porque sei como pensam. Fazer um filme tão alternativo, tão à margem e que toca nos temas que eles não tocam -os mortos, a ditadura, o incesto, a relação edipiana, o assassinato, os campos de concentração- incomoda", diz. (SILVANA ARANTES)


FITO PAEZ - Onde: DirecTV Music Hall (av. dos Jamaris, 213, Planalto Paulista, tel. 6846-6000). Quando: hoje, às 21h30. De R$ 40 a R$ 80.



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