São Paulo, sexta-feira, 06 de junho de 2008

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Crítica/"Joy Division"

Documentário alimenta o mito do grupo de Ian Curtis

Depois da ficção "Control", filme repassa a trajetória curta do Joy Division com entrevistas e imagens históricas THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL

O Joy Division teve um tempo de vida curto, mas a mitologia criada em torno da banda não pára de crescer. O cinema alimenta essa fascinação com as estréias de "Control" (há duas semanas) e "Joy Division" (hoje).
Enquanto "Control" é uma ficção povoada por atores e baseada na história de Ian Curtis (1956-80), "Joy Division" repassa a trajetória do grupo de maneira documental.
Meticuloso, o diretor Grant Gee entrevista muita gente envolvida com a banda, como Bernard Sumner, Peter Hook e Stephen Morris -ex-integrantes-, Peter Saville -designer das capas dos discos-, Paul Morley -um dos primeiros jornalistas a festejar o Joy Division e autor do ótimo livro "Words and Music" (palavras e música), que merecia ser traduzido para o português...
Ao relembrar fatos marcantes da trajetória do Joy Division, Grant Gee coloca Manchester, a cidade-natal da banda, como pano de fundo. O diretor recupera imagens históricas, como do primeiro show do Sex Pistols em Manchester, em 1976, e de apresentações ao vivo do Joy Division na televisão britânica.
Mas não tem jeito. A partir de um certo momento, o documentário deixa de ser sobre o Joy Division e passa a radiografar a vida de Ian Curtis.
Bernard Sumner (guitarrista) e Peter Hook (baixista) eram os motores musicais da banda, mas, com letras como as de "Atrocity Exhibition", inspirada em J.G. Ballard, Curtis criava paisagens desoladoras e que ainda permanecem no imaginário da música pop.
Assim como ocorre com "Control", "Joy Division" é mais indicado àqueles que, se não são fãs do grupo, conhecem sua história e suas músicas.
História que, olhando para trás, vemos que não é muito diferente da de bandas atuais.
Tudo aconteceu muito rápido com o Joy Division. Fizeram o primeiro show, sob o nome Warsaw, em maio de 1977. Pouco depois, mudaram o nome para Joy Division.
Em outubro de 1977, lançaram o primeiro single, "An Ideal for Living", que trazia quatro faixas: "Warsaw", "No Love Lost" (que foi tocada pelo LCD Soundsystem em show no Brasil no ano passado), "Leaders of Men" e "Failures".
Em janeiro de 1979, antes de lançarem um disco, foram capa do "New Musical Express", em matéria de Paul Morley -se nascesse hoje, o Joy Division seria classificado como "hype".
Em maio de 1980, Ian Curtis cometeu suicídio. Após dois discos, o Joy Division acabava.


JOY DIVISION
Produção: Inglaterra/EUA, 2006
Direção: Grant Gee
Onde: estréia hoje no Espaço Unibanco Pompéia e no HSBC Belas Artes; classificação: 14 anos
Avaliação: ótimo




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