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Crítica/"Joy Division"
Documentário alimenta o mito do grupo de Ian Curtis
Depois da ficção "Control", filme repassa a trajetória curta do Joy Division com entrevistas e imagens históricas
THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL
O Joy Division teve um
tempo de vida curto,
mas a mitologia criada
em torno da banda não pára de
crescer. O cinema alimenta essa fascinação com as estréias de
"Control" (há duas semanas) e
"Joy Division" (hoje).
Enquanto "Control" é uma
ficção povoada por atores e baseada na história de Ian Curtis
(1956-80), "Joy Division" repassa a trajetória do grupo de
maneira documental.
Meticuloso, o diretor Grant
Gee entrevista muita gente envolvida com a banda, como Bernard Sumner, Peter Hook e
Stephen Morris -ex-integrantes-, Peter Saville -designer
das capas dos discos-, Paul
Morley -um dos primeiros jornalistas a festejar o Joy Division e autor do ótimo livro
"Words and Music" (palavras e
música), que merecia ser traduzido para o português...
Ao relembrar fatos marcantes da trajetória do Joy Division, Grant Gee coloca Manchester, a cidade-natal da banda, como pano de fundo.
O diretor recupera imagens
históricas, como do primeiro
show do Sex Pistols em Manchester, em 1976, e de apresentações ao vivo do Joy Division
na televisão britânica.
Mas não tem jeito. A partir de
um certo momento, o documentário deixa de ser sobre o
Joy Division e passa a radiografar a vida de Ian Curtis.
Bernard Sumner (guitarrista) e Peter Hook (baixista)
eram os motores musicais da
banda, mas, com letras como as
de "Atrocity Exhibition", inspirada em J.G. Ballard, Curtis
criava paisagens desoladoras e
que ainda permanecem no
imaginário da música pop.
Assim como ocorre com
"Control", "Joy Division" é
mais indicado àqueles que, se
não são fãs do grupo, conhecem
sua história e suas músicas.
História que, olhando para
trás, vemos que não é muito diferente da de bandas atuais.
Tudo aconteceu muito rápido com o Joy Division. Fizeram
o primeiro show, sob o nome
Warsaw, em maio de 1977. Pouco depois, mudaram o nome
para Joy Division.
Em outubro de 1977, lançaram o primeiro single, "An
Ideal for Living", que trazia
quatro faixas: "Warsaw", "No
Love Lost" (que foi tocada pelo
LCD Soundsystem em show no
Brasil no ano passado), "Leaders of Men" e "Failures".
Em janeiro de 1979, antes de
lançarem um disco, foram capa
do "New Musical Express", em
matéria de Paul Morley -se
nascesse hoje, o Joy Division
seria classificado como "hype".
Em maio de 1980, Ian Curtis
cometeu suicídio. Após dois
discos, o Joy Division acabava.
JOY DIVISION
Produção: Inglaterra/EUA, 2006
Direção: Grant Gee
Onde: estréia hoje no Espaço Unibanco Pompéia e no HSBC Belas Artes; classificação: 14 anos
Avaliação: ótimo
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